Pérola Negra / Studio Rolf.fr + Zecc Architecten


© Frank Hanswijk

Contexto Social

Esta casa faz parte de um programa de congregação em Roterdã que garante revitalizar os bairros desvantajosos através da venda de casas de ofícios para a iniciativa privada.

Estas casas foram todas negligenciadas nos últimos anos e tiveram que ser reformadas. Os edifícios geralmente consistem em diversos apartamentos pequenos, um por andar. O objetivo do município em vender estas construções é atrair moradores com maior capacidade de sustentar os imóveis. A condição de venda é de que a propriedade deve ser restaurada dentro de um prazo específico e deve ser transformada em uma casa. Isto causa um número menor, porém maiores casas. É a tendência oposta ao que acontece em várias cidades do interior onde as casas grandes são divididas em diversos apartamentos pequenos.

© Frank Hanswijk

A renovação das “casas de ofício” de Roterdã torna-se um espetáculo arquitetônico que foi experimentado no espaço e no tempo. A fachada de 100 anos de uma habitação em uma unidade fechada residencial é totalmente pintada em preto. Tanto a alvenaria, esquadrias e “janelas” são cobertas com uma fina camada negra de óleo. Isto cria um tipo de “sombra” da fachada original. Em alguns locais, as novas janelas transparentes perfuram através da fachada histórica. As novas janelas anunciam um novo tempo com uma forma muito diferente de vida. Isto dá origem a uma relação entre a fachada original e a nova interpretação que se torna legível. Todos os pisos e os pequenos ambientes atrás das antigas janelas funcionam como uma entidade espacialmente contígua.

© Frank Hanswijk

Assim como na fachada, os traços do passado no interior do edifício permanecem visíveis. Nas paredes, um antigo corrimão e buracos do piso removido revelam a disposição original da habitação. A nova casa, sob a roupagem de 100 anos de idade da construção original, possui um desenho totalmente diferente. A disposição tradicional dos pisos e paredes, os quais compõem os ambientes, foram perdidos.

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Ao invés disso, uma série de pequenas ripas de madeira constitui um imenso elemento escultural. Devido a isso, um espaço contínuo é deixado entre as quatro paredes do edifício histórico. Esta operação cria espaços de vivência que são conectados por vazios, grandes escadas e longas linhas de visão. Todos os corrimãos redundantes, grades e portas são eliminados, causando um alto grau de abstração espacial.

© Frank Hanswijk

Pisos, paredes, escadas e tetos se misturam, fazendo recordar a impossibilidade do modelo de Escher. Apesar disso, esta casa de ofício (que esteve vazia por aproximadamente 30 anos) está longe de ser inabitada. Em sua parte mais baixa, um amplo ambiente de trabalho é instaurado conectado ao terraço jardim de telhas de bambu. Acima está uma série de funções semi-abertas: vivência, refeições, cozinha, estudos, descanso e um banheiro/closet.

As velhas telhas foram removidas da parte superior (sendo reutilizadas no jardim) e uma nova “casa verde” se estabeleceu, com uma banheira de água quente com uma vista impressionante.

© Frank Hanswijk

Nova interpretação: três mundos

O edifício existente é usado como uma caixa para construir uma casa totalmente nova em seu interior. Todas as paredes e pisos da habitação original foram demolidos, o que criou um espaço de 5 metros de largura, 10 metros de comprimento e 11 metros de altura. Dentro e acima desta caixa, três diferentes “mundos” estão empilhados: o estúdio, a casa e o terraço jardim. No nível térreo, o estúdio de 5 metros de altura é construído, sendo mantido o mais aberto possível. Isto é alcançado pela organização ao máximo das instalações ao longo das paredes, em um elemento contínuo.

© Frank Hanswijk

A área de estar é localizada acima do estúdio com uma altura de 6 metros. Neste espaço, uma escultura é construída, o que o divide em diversas áreas sem criar ambientes fechados. O objeto é desenhado e situado de forma que em diversos pontos surjam visuais que enfatizam todo o comprimento, a largura e a altura do local. O projeto está concentrado nos espaços residuais entre o objeto e as paredes existentes.

© Frank Hanswijk

Materialização escultórica

A escultura é toda composta de barras parafusadas juntas que formam tanto a construção como o acabamento. Este método construtivo cria uma grande liberdade de forma. Uma grande parte do objeto trava-se com estas barras no nível do telhado, transformando o apoio em supérfluo.

© Frank Hanswijk

Uso da cor

Na casa, cinco cores foram aplicadas: preto, branco e três escalas de cinza. Um lado existente da parede é totalmente pintado em branco. Os traços da construção, incluindo os antigos trilhos e encanamentos são todos pintados em branco. A outra parede do edifício é deixada sem tratamento. As diferentes faces do objeto são pintadas em três escalas de cinza. Estes tons são alinhados com os espaços que encerram. Por este método, o espaço entre o objeto e a caixa existente é reforçado. O sul de Roterdã acomoda com esta nova casa de ofícios uma pérola negra…

Plantas
Corte

 

 


Ficha técnica:

  • Arquitetos:Studio Rolf.fr + Zecc Architecten
  • Ano:
  • Área construída: 170 m²
  • Tipo de projeto: Residencial
  • Status:Construído
  • Materialidade: Concreto e Vidro
  • Estrutura: Concreto
  • Localização: Roterdã, Holanda
  • Implantação no terreno: Adossado às 2 divisas

Equipe:

 

 

 

  1. Fotografias: Frank Hanswijk

Sobre este escritório
Cita: Fernanda Britto. "Pérola Negra / Studio Rolf.fr + Zecc Architecten" 29 Mar 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-40511/perola-negra-studio-rolf-ponto-fr-mais-zecc-architecten> ISSN 0719-8906

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