Acompanhando as últimas notícias e relatórios sobre o setor de construção civil na China, percebemos que a paisagem construída do país está mudando radicalmente. De acordo com o Cultural Infrastructure Index, relatório publicado recentemente pela AEA Consulting, a China ou mais especificamente, a cidade de Shenzhen, é atualmente a líder mundial em investimentos em projetos de infraestruturas culturais. Apenas no ano passado foram anunciados 10 novos projetos culturais na cidade, todos eles desenvolvidos por alguns dos mais renomados escritórios de arquitetura do mundo. Por outro lado, as autoridades chinesas aprovaram no mês passado uma nova regulamentação que proíbe a construção de edifícios com mais de 500 metros de altura, marcando o fim de uma era—a China atualmente conta com 10 dos 20 edifícios mais altos do mundo.
De acordo com o Índice de Infraestrutura Cultural da AEA Consulting, a China é atualmente a líder em investimentos no setor, tanto em quantidade de projetos quanto em valores absolutos. No ano de 2020, apenas a cidade de Shenzhen inaugurou sete importantes novos projetos de infraestruturas culturais. Neste contexto, a cidade do sudoeste da China está se firmando como um dos principais centros culturais do mundo moderno, impulsionada principalmente por uma série de concursos internacionais de arquitetura e pela iniciativa Dez Instalações Culturais da Nova Era em Shenzhen. Entre os novos marcos arquitetônicos inaugurados recentemente na cidade encontram-se o novo Conservatório de Música de Shenzhen projetado por Miralles Tagliabue EMBT, o projeto de Jean Nouvel para a Ópera House de Shenzhen e o Museu Marítimo assinado pelo escritório de arquitetura SANAA. Além disso, muitos destes projetos encontram-se localizados fora do centro da cidade, operando como âncoras e pontos de referência em uma cidade ainda em amplo processo de expansão e crescimento populacional.
Em contraposição a isso, a China redefiniu suas regras em relação à construção de edifícios em altura. Conforme comunicado oficial emitido pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, edifícios com mais de 250 metros de altura deverão seguir um novo código de obras bastante restritivo sendo que a construção de estruturas com mais de 500 metros estão absolutamente proibidas no país. A decisão vem acompanhada de uma maior preocupação em relação a segurança dos trabalhadores, embora esteja muito claro que o país está saturado de super-estruturas, contando atualmente com 10 dos 20 edifícios mais altos do planeta. Esta mudança de direção, aponta para uma completa transformação do ambiente construído no país, potencialmente uma mudança para melhor. Ainda assim, 10 dos 100 edifícios mais altos do mundo estão atualmente em construção na China.
De qualquer forma, a China continuará sendo um território fértil para a experimentação arquitetônica, atraindo muitos escritórios e arquitetos de renome mundial. Esta guinada em direção ao desenvolvimento e promoção de novas infraestruturas culturais no país é uma estratégia do governo para construir cidades mais atraentes. Por outro lado, as restrições impostas à construção de estruturas em altura aponta para uma maior preocupação com a qualidade do ambiente construído.