6 Dicas para projetar ruas preparadas para enfrentar as chuvas

© NACTO

A Associação Nacional de Funcionários de Transporte Urbano de Nova Iorque, NACTO, lançou um novo guia orientado a melhorar o desenho das ruas, desta vez focado em como esses espaços públicos podem estar melhor preparados para enfrentar as chuvas.

A partir da perspectiva de que na cidade é mais complexa a absorção das águas pluviais devido à alta presença de concreto, seja nos edifícios, nas diversas infra-estruturas viárias, ou nas calçadas, torna-se necessário introduzir mudanças para melhorar a qualidade de vida.

Por isso, no novo guia desenvolvido em colaboração com o setor de Cidades Sustentáveis da Fundação Summit, são propostas estratégias orientadas a tornar as ruas locais mais seguros, sobretudo através da mobilidade, para que as cidades tenham uma melhor relação com seus corpos d'água já existentes.

A elaboração dessas estratégias foi realizada sobre a a base de seis princípios sustentáveis que correspondem a:

1. Proteger e restaurar os recursos naturais

Ainda que pareça óbvio, é notável que muitos se esquecem que o terreno sobre o qual se expandiram as cidades eram antes intocados e primitivos. Apesar disso, cada vez que ocorre um temporal, as ruas ruas alagadas ou os transbordamentos dos rios nos lembram dessa realidade, já que cerca de 60% das superfícies urbanas é impermeável, ou seja, não absorve as águas pluviais. 

No entanto, de acordo com a NACTO, isso pode ser atenuado com um sistema adequado de drenagem que ajude a filtrar os contaminantes da água e preservar o ciclo hidrológico da bacia em questão.

Além disso, se as cidades preservam suas áreas verdes, elas estão incrementando a superfície preparada para atuar como uma esponja, ou seja, como um espaço que absorva as águas pluviais.

2. Promover a saúde, a justiça e um habitat humano

As áreas verdes têm um impacto positivo na saúde dos habitantes, de tal forma que diminui a ansiedade, a depressão e o estresse. Além disso, reduzem os níveis de agressividade e geram uma sensação de segurança àqueles que vivem próximos de um parque.

Além disso, como se comenta no princípio Nº 1, são capazes de manejar o excesso de águas. Frente a isso, NACTO reforça a importância de aumentar e conservar a vegetação nas cidades, sobretudo naquelas áreas que foram historicamente afetados pela contaminação do ar, pelos lixões e pelas inundações.

3. Projetar para a segurança e a mobilidade

Quando se intervém em uma avenida, uma rua, ou uma calçada, muitas vezes se elimina tudo o que estava anteriormente ali, incluindo as árvores. Em resposta a isso, a associação faz um convite a aproveitar estes elementos verdes, tanto por seu papel no meio ambiente, quanto na segurança das ruas.

Por exemplo, uma fileira de árvores em uma calçada pode atuar como uma barreira de segurança para os pedestres diante de uma batida entre automóveis. Além disso, a associação coloca que a infraestrutura verde da maior valor aos projetos, e que por isso não deve ser visto como um indicador externo, mas, ao contrário, deve estar alinhada com os paradigmas sustentáveis de mobilidade e segurança viária.

4. Projetar para um ciclo de vida

No momento de transformar as estruturas para a gestão das águas da chuva, NACTO recomenda que não é necessário considerar apenas o custo econômico das operações, mas também o custo ecológico, que é o mais afetado após uma crise.

Como complemento, a vegetação é outro item no qual se deve intervir, já que por suas propriedades favorece na manutenção e no cuidado da vida útil da infraestrutura e da pavimentação.

Por último, também é necessário considerar a infraestrutura para o manejo de águas cinzas pois também é possível introduzi-las ao ciclo das águas após um tratamento adequado.

5. Projetar para a resiliência

A resiliência é a capacidade de preparar-se, resistir e recuperar-se frente a uma crise, segundo a organização 100 Cidades Resilientes.

Quando se aplica esse conceito ao projeto urbano para o caso das águas pluviais, conclui-se que após alguma crise é necessário investir em infraestruturas para otimizar o manejo sustentável desse recurso, sobretudo agora que há secas e tempestades em regiões onde antes não havia. 

6. Otimizar o rendimento

A infraestrutura para o manejo de águas pluviais deve ter um desenho adequado que responde ao espaço disponível, ao microclima e à topografia. Além disso, a nível da rua, deve ter funções pensadas nas pessoas e em seus modos de mobilidade, seja à pé, de bicicleta, com mobilidade reduzida, com carros, guardas-chuva, etc.

Assim, em conjunto, esta infraestrutura verde será capaz de receber uma cota de infiltração que beneficie a toda a bacia e que se integra ao ciclo da água onde se encontra inserida a cidade.

Esta nova publicação se soma à biblioteca da NACTO que já conta com quatro publicações: o Guia de Desenho Urbano de Ruas, o Guia de Desenho Urbano de Ciclovias, o Guia Global de Desenho de Ruas, e o Guia de Desenho de Trânsito de uma Rua.

O guia completo pode ser revisado online aqui. Além disso, é possível adquirir um exemplar impresso aqui.

Sobre este autor
Cita: Romullo Baratto. "6 Dicas para projetar ruas preparadas para enfrentar as chuvas" 06 Ago 2017. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/876403/6-principios-para-projetar-ruas-preparadas-para-enfrentar-as-chuvas> ISSN 0719-8906

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