Devires do Brasil: cartografia de um imaginário daqui

Cartografias são formas de representação física e desempenham importante papel na compreensão de realidades sociais, econômicas, históricas e culturais. Para além do mapa enquanto produto, a cartografia como prática compreende a concepção, a divulgação, a representação e a utilização, e todo o processo relativo à sua produção. Tanto em manifestações históricas, quanto em reflexões acerca do presente, cartografias configuram-se como um campo complexo que se debruça sobre geografias não estáticas e paisagens em constante mudança.

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Nesta exposição, interpretamos a cartografia como ferramenta de registro de processos de mudanças constantes, reconhecida em discursos e práticas do campo da arquitetura e dos estudos urbanos, que transformam relações, promovem agenciamentos, vivências, práticas no espaço, provocam outras perspectivas e pontos de partida. É essa interpretação que nos leva a atribuir à cartografia formatos distintos como cartas, manifestos, artefatos, ensaios fotográficos, vídeos, desenhos, registros de incursões e documentação de situações experimentais.

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A exposição “Devires do Brasil: cartografia de um imaginário daqui” reúne obras históricas em paralelo a propostas contemporâneas, todas desenvolvidas no país. A partir desses apontamentos, a exposição revisita discursos da história da arquitetura sobre o ‘fazer’ no contexto da construção de um imaginário brasileiro. Propõe desvelar práticas atuais no campo do desenho alinhadas a esse arcabouço de referências e abordagens, apresentando outro posicionamento do arquiteto frente à coletividade, reconhecendo seu lugar de fala e a sua capacidade de trocar, intermediar e aprender com outros contextos.

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O mapeamento apresentado permeia imaginários que expressam ideias, formas de ação e uso, técnicas e colaborações diretamente conectados ao território, sua diversidade cultural e social, resgatando vozes e percepções que contribuem e se articulam às práticas contemporâneas. Entre expedições, encontros, cartas, falas e outros processos de documentação, esta exposição traz outras práticas do fazer arquitetônico vinculado a um lugar que é comum, situacional, relacional e plural.

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Não se trata de narrar acontecimentos históricos ou de consagrar métodos para uma forma de ação contemporânea. Ao examinar as formas de ação e reflexão, com apoio em referências históricas e contemporâneas, falamos sobre uma ‘história do presente’ - de debate, de resistência, de criação e de transformação -, que permite a crítica do momento vivido e o reconhecimento de um imaginário daqui.

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OBSERVATÓRIO

Em projeto – título e mote da 11ª Bienal de Arquitetura de São Paulo – insinua um olhar atento sobre os processos de pesquisa, elaboração e construção das cidades. Refere-se ao espaço urbano como uma construção em andamento e em constante transformação.

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Optando por não eleger temas predeterminados, iniciamos o percurso desta edição com a construção de uma plataforma de pesquisa e mapeamento, a qual chamamos de Observatório da Bienal, em que foram documentadas formas de coprodução do espaço urbano e as ferramentas utilizadas nessa realização. Identificamos no território ações responsáveis por transformar a experiência urbana, que pautaram o desenvolvimento da pesquisa da Bienal em seus dois eixos: Imaginário da Cidade e Utilidade Pública.

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O trabalho realizado no Observatório nos mostrou que a busca pela participação cidadã nas decisões e ações diretas na cidade tem ganhado maior visibilidade e presença, especialmente com as redes sociais e, junto a estas, o compartilhamento de diversos imaginários urbanos. Estes, por sua vez, apontaram para uma construção mais inclusiva, desvelando um arcabouço de práticas e abordagens diversas e complementares aos projetos e planos urbanos tradicionais.

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Uma vez consolidado, o Observatório atua como base de referência da 11ª Bienal. É suporte para a pesquisa e curadoria, ao mesmo tempo que é arquivo, compilação e organização de temas presentes nas principais discussões urbanas em São Paulo, no Brasil e no mundo. Reunimos continuamente ferramentas de reconhecimento, leitura e escuta, mas também suportes que ambicionam a realização e a transformação espacial, como recursos legislativos e políticas públicas que podem amparar pequenas iniciativas, aparatos que facilitam a organização coletiva, formas alternativas de financiamento, manuais e roteiros, plataformas abertas, fabricações digitais, e outros meios de editar e intervir diretamente na cidade.

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O Observatório reconhece ações pontuais que estrategicamente apontam para possibilidades de transformação efetiva da metrópole contemporânea. Uma vez compartilhadas com o público, elucidam outros caminhos para a prática da arquitetura, mirando a propagação desse conhecimento. Por esta trajetória o Observatório se estrutura como legado da Bienal ao contribuir com a produção contemporânea, sua articulação e pertencimento social e cultural, coletivizando o acesso e o debate sobre a construção da cidade e seu contínuo processo de transformação.

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Sobre este autor
Cita: Equipe 11ª Bienal de Arquitetura de São Paulo. "Devires do Brasil: cartografia de um imaginário daqui" 14 Dez 2017. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/885318/devires-do-brasil-cartografia-de-um-imaginario-daqui> ISSN 0719-8906

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