Renesa Architecture explora as paisagens sagradas dos crematórios indianos

Escrito por Lauren Crockett | Traduzido por Amanda Ferber

A relação que os seres humanos possuem com a morte é complexa e imutável, e isso se reflete, inevitavelmente, na arquitetura dos espaços relacionados a morte. Buscando questionar o papel contemporâneo destes espaços, o arquiteto Sanchit Arora, do escritório indiano Renesa Architecture Design Interiors usou sua tese, "The Shadow Spaces; Invisible Sacred Landscapes of Indian Cities" para analisar o lugar dos crematórios dentro da sociedade indiana.

Após uma análise qualitativa, Arora propôs uma extensão para o Crematório Green Park, ao sul de Déli. Com o projeto, ele pretende criar um exemplo de arquitetura que mescla poesia e funcionalidade, estabelecendo espaços que sejam respeitosos, experimentais e adequados aos usuários.

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Arora especula que o declínio de práticas ritualísticas associadas a morte fez com que os crematórios perderem sua "sacralidade". Enquanto estes espaços são frequentados diariamente por um número de visitantes, a falta de manutenção e consideração para com o usuário resultou numa arquitetura superficial que "não tem nenhuma sensibilidade ou respeito".

Dentro de Déli, o zoneamento define o uso de 50 a 55 crematórios em operação. A proximidade destes aos nallahs (rios que correm pela cidade) reflete o ritual Hindu contar com uma fonte de água próxima, enquanto que as áreas verdes que frequentemente permanecem adjacentes se tornam amortecedores, isolando os locais de seus contextos.

Arora situou sua intervenção no Crematório Green Park, já que dos quatro que havia investigado a fundo, este era o mais subutilizado. Ao compreender o aspecto periférico do local, Arora foi capaz de determinar uma série de macro e micro escalas que iriam integrar o local à paisagem urbana.

O novo programa é distribuído de modo a estabelecer uma série de conexões entre a nova arquitetura e a pré-existente. O fluxo e transparência destes espaços foi de vital importância, para assegurar que a "paisagem invisível" fosse capaz de guiar os enlutados da maneira mais sensível possível.

De acordo com Arora, "The Shadow Spaces" observa e remedia questões relacionadas a todas as insuficiências abordadas, assumindo, por sua vez, uma abordagem holística que considera noções físicas, metafísicas, emocionais e espirituais.

"The Shadow Spaces" foi concebido como uma intervenção conceitual, mas o arquiteto pretende encaminhar algumas das propostas desenvolvidas ao governo indiano.