Primeiro lugar no concurso “Duas Casas nas Ilhas Selvagens” / Ponto Atelier

  • Arquitetos

  • Localização

    Parque Natural da Madeira, 9240, Portugal
  • Equipe

    Vasco Rosa Tomás, Ana Pedro Ferreira, Pedro Maria Ribeiro e José Gustavo Freitas
  • Fotografias

    Cortesia de Ponto Atelier

A Equipe Ponto, composta pelo Arquiteto Vasco Rosa Tomás e pelos arquitetos estagiários Ana Pedro Ferreira, Pedro Maria Ribeiro e José Gustavo Freitas, venceu o Concurso “Duas Casas nas Ilhas Selvagens” em Madeira, Portugal, lançado pela Seção Regional Sul da Ordem dos Arquitetos (OASRS) no âmbito do Programa escolha-arquitectura.

O concurso, a que concorreram 63 propostas, foi desenvolvido pela OASRS e contou com a parceria do Parque Natural da Madeira e da Secretaria Regional da Energia e Recursos Naturais.

Propunha a construção de duas novas casas, uma na Ilha Selvagem Grande e outra na Ilha Selvagem Pequena, substituindo as ali já existentes, que têm por função servir de abrigo aos vigias das ilhas durante os seus períodos de estadia e a eventuais visitantes. No entanto, o estado atual em que se encontram e o seu programa inadequado exigem uma reformulação, de modo a proporcionar condições habitáveis aos seus utilizadores.

A proposta da Equipe Ponto estabeleceu diferentes soluções para cada uma das ilhas. Veja, a seguir, a descrição dos projetos pelos arquitetos. 

CASA ilha da Selvagem Grande

A ilha da selvagem grande associa-se ao Oceano com o seu rochedo abrupto até se perder no mar. Existem pré-existências, sendo que algumas serão demolidas e outras não. Fato importante é a casa ser implantada na cota 17, que corresponde à cota da casa existente. É também o ponto onde os caminhos existentes de cimento se cruzam uns com os outros para permitir o percurso pela ilha. 

Primeiro lugar no concurso “Duas Casas nas Ilhas Selvagens” / Ponto Atelier - Concreto
Render de Vista Interior da Casa Ilha Selvagem Grande. Image Cortesia de Ponto Atelier

O corpo desenvolve-se no eixo longitudinal, orientando-se e encostando-se suavemente na rocha para fazer parte dela. A casa é o percurso de acesso à ilha. O acesso se faz pelo desembarque no cais das Cagarras, na cota 13 e aproveita as fundações da casa existente, onde estão algumas das zonas técnicas incluindo um local para guardar o bote. Subimos uma escada até a cota 17, nos encontrando no alpendre. Este é o ponto central da casa. É nesta cota que a casa de desenvolve. 

Primeiro lugar no concurso “Duas Casas nas Ilhas Selvagens” / Ponto Atelier - Cadeira
Render de Vista Interior da Casa Ilha Selvagem Grande. Image Cortesia de Ponto Atelier

O alpendre divide dois espaços. A zona de espaços comuns (cozinha, salas, i.s. visitas, sala de TV, etc.) e a zona de espaços privados (dormitórios e banheiros). Os espaços comuns comunicam-se com o mar através de vãos estrategicamente colocados, com vistas conectadas. Os espaços privados se voltam para a rocha, onde ecoam os sons do mar e do silêncio.

Primeiro lugar no concurso “Duas Casas nas Ilhas Selvagens” / Ponto Atelier - Orla
Render de Vista Exterior da Casa Ilha Selvagem Grande. Image Cortesia de Ponto Atelier

O alpendre é também a continuação do percurso, a escada vai até à cobertura, que é o percurso que se liga às pré-existências da ilha. A nova casa é um novo percurso que dá continuidade entre o desenho dos caminhos que marcam aquele lugar. A nova cobertura é também um pavimento como um platô sobre o mar que serve de novo sistema de vigilância onde se pode parar e olhar. A casa tenta não se destacar da rocha existente. É construída em betão e remanescentes da demolição da casa existente. Desenha-se no lugar e para o lugar. Assim, não tenta ser natural, mas sim uma peça que dialoga com o entorno.

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Implantação da Casa Ilha Selvagem Grande. Image Cortesia de Ponto Atelier

A construção dos muros da casa é feita em betão leve feito “in locus”. A sua constituição densa e espessa é composta por cimento, pó de rocha e areia com sedimentos vulcânicos da própria ilha. A espessura dos muros varia entre 40 e 55 cm, garantindo a efetividade das necessidades atuais de eficiência energética.

CASA ilha da Selvagem Pequena

Atracamos no cais da ilha Selvagem Pequena e caminhamos adentro do planalto. Não é como em outras ilhas. Avista-se uma espécie de "pirâmide", à medida que avançamos até nela chegar.

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Render de Vista Exterior da Casa Ilha Selvagem Pequena. Image Cortesia de Ponto Atelier

É projetado neste terreno árido, plano e exposto, um elemento central. A primeira linha define um limite. Esse limite é uma cobertura de estrutura leve de madeira, que protege da exposição solar forte, dos ventos e da natureza. É coberta por uma lona branca que cobre a estrutura e possibilita a luz natural filtrada. Estar debaixo da cobertura significa estar abrigado e seguro, sendo ai que a casa se desenvolve.

Os espaços interior e exteriores da casa são como peças estrategicamente colocadas num tabuleiro. A casa divide-se em zonas de interior e exterior coberta, que se relacionam umas com as outras de maneiras e perspectivas diferentes. A zona comum (cozinha, sala de estar) está separada da zona privada dos quartos, como se fossem "zonas de dia e noite".

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Render de Vista do Espaço Coberto de Casa Ilha Selvagem Pequena. Image Cortesia de Ponto Atelier

Os espaços exteriores cobertos são como elementos estruturais da grande cobertura. Estes elementos desenham uma composição inseridos numa área de 17m x 17m  e desenham os espaços dentro e espaços fora.

 O alpendre, a churrasqueira e os espaços de estar são espaços exteriores que encontram o seu lugar fora da casa mas dentro do seu limite.

A casa é entendida como um abrigo, acolhendo seus espaços por debaixo desta grande cobertura. Estes volumes definem interiores e exteriores. Todos com uma função diferente. Os exteriores, ainda protegidos pela cobertura principal, contêm programas a nível do solo, espaços de estar e convívio. Contudo, outros espaços acontecem em uma cota superior. Sobre estes volumes são alojados os depósitos de água salgada e doce, bem como todo o material de apoio. Nesta cota há também os espaços de estar, privados da vista em torno e protegidos das intempéries. 

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Implantação da Casa Ilha Selvagem Pequena. Image Cortesia de Ponto Atelier

A construção define-se em 3 fases e os materiais são escolhidos para não modificarem as características do local. A primeira coisa a ser construída é a estrutura leve de madeira, como um "guarda-chuva", que conecta tudo a um centro, a um pilar. Todas as zonas da casa são construídas com blocos de cimento, preenchidos com areia do próprio local, resolvendo assim as questões de isolamento acústico e térmico. Os tetos dessas “caixas” construídas são também em madeira. O piso do interior é de madeira e do exterior coberto em areia com remanescentes do local de forma compactada. 

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Corte da Casa Ilha Selvagem Pequena. Image Cortesia de Ponto Atelier

A estrutura da cobertura principal em madeira é composta por uma sub-estrutura de ripado de madeira colocada sobre vigas maciças com apoio central. As cargas da cobertura são direcionadas para os volumes periféricos do limite da cobertura. Espaços técnicos e de apoio são construídos em blocos de cimento pré fabricados. Estes volumes periféricos têm a função de suporte da própria cobertura do abrigo bem como recolha e condução de águas. Os blocos de cimento pré fabricados ficam à vista, cheios de areia no seu interior. O preenchimento de areia confere-lhes uma maior eficiência térmica e acústica.

Galeria do Projeto

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Sobre este escritório
Cita: Amanda Ferber. "Primeiro lugar no concurso “Duas Casas nas Ilhas Selvagens” / Ponto Atelier" 16 Abr 2016. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/785599/primeiro-lugar-no-concurso-duas-casas-nas-ilhas-selvagens-ponto-atelier> ISSN 0719-8906

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