Jovens escritórios indianos: Anagram Architects

A Indian Architect & Builder, através de uma série em duas partes intitulada ‘Practices of Consequence’ (Volumes I e II) investiga profundamente os escritórios de arquitetura contemporâneos da Índia que conquistaram uma identidade e posição únicas no país. Este artigo, parte do primeiro volume da série, analisa de perto o Anagram Architects, um escritório de arquitetura com sede em Nova Deli.

Liderado por Madhav Raman e Vaibhav Dimri, o Anagram Architects é um estúdio em crescimento que trabalha com arquitetura, instalações, desenho urbano e inovação em materiais. A empresa tem uma essência experimental e cada projeto é desenvolvido através de uma estrutura distinta e independente. Além de arquitetura, o Anagram Architects já criou, também, objetos e instalações com um forte apelo material e especial atenção aos detalhe e execução. Leia, a seguir, a entrevista feita pela Indian Architect & Builder com os fundadores do escritório.

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Gairole House: Posicionamento do volume e tijolo. Imagem Cortesia de Anagram Architects

IAB: Conte-nos sobre seu escritório.

Anagram (Vaibhav Dimri + Madhav Raman):
O Anagram é um escritório que trabalha com projetos de arquitetura e é reconhecido entre os escritórios que estão despontando do mundo. Temos um compromisso com a criação de projetos inovadores e específicos para cada contexto, e que incentivem estilos de vida sustentáveis. Nossa jovem e dinâmica empresa atraiu muito rapidamente atenção por projetos muito variados, desde residências modestas até grandes instalações de infraestruturas públicas. Em nosso trabalho tentamos enriquecer a modernidade através de profundas pesquisas sobre as práticas tradicionais e não convencionais, gerando projetos culturalmente relevantes, contextualmente conscientes e eficientes em termos de recursos naturais. Nossa prática se baseia numa filosofia de sustentabilidade holística que responde aos contornos econômicos, sócio-culturais e ambientais dos projetos. Exploramos uma arquitetura que não é apenas fisicamente sustentável, mas promove uma reconexão experiencial com a ecologia e nutre estilos de vida responsáveis e conscientes. Nós, do Anagram Architects, exploramos com entusiasmo as oportunidades de investigar o projeto de espaços e nos esforçamos para oferecer soluções de projeto inovadoras ao nos aprofundarmos em nossa rica experiência em diversos campos. Também nos comprometemos com colaborativo com outros artistas e designers visando criar projetos holísticos que enriqueçam e revigorem nossas próprias experiências de projeto. O escritório orbita em torno dos valores fundamentais de:
Perspicácia
Esforçamo-nos para oferecer aos nossos clientes projetos holísticos do mais exigentes padrão, cuja qualidade se compara ao mais alto nível internacional.
Consciência
Dos mais recentes avanços em tecnologia da construção e dos materiais às práticas culturais seculares, nossos projetos são nutridos por intensas pesquisas, visando a maior qualidade final. Também permitirmos que o nosso trabalho tenha um caráter de experimentação, tanto para nós como para nossos clientes.
Especificidade
Para nós, cada projeto é único em seu contexto específico e nos esforçamos para proporcionar a nossos clientes soluções de projeto que não são somente concebidas sob medida para suas exigências, mas também respondam a seus contextos sócio-econômicos, culturais e geoclimáticos.
Inovação
Transitando entre as últimas tendências de projeto e as práticas de construção tradicionais e alternativas, inovamos e detalhamos minuciosamente o projeto e as técnicas envolvidas visando criar projetos mais adequados a cada contexto e eficientes com relação ao uso dos recursos.

Kindred House: Pérgolas. Imagem Cortesia de Anagram Architects

IAB: Como o Anagram Architects se tornou um escritório?

MR: O Anagram Architects iniciou como uma parceria entre três pessoas assim que nos formamos da Escola de Planejamento e Arquitetura, Nova Deli. Quando nosso terceiro parceiro depois decidiu se afastar para estudar, Vaibhav e eu quisemos continuar a empresa e tentar evoluir o escritório. O início foi realmente uma prova de fogo. Há uma década, mais ou menos, não era fácil encontrar trabalho - certamente não para uma empresa que estava iniciando, sem experiência, sem vínculos com a indústria e sem qualificação ou especialização além do grau de bacharel básico. A única coisa que tinhamos para oferecer, realmente, era o incansável entusiasmo. Evoluir era a única maneira de aprender, crescer, explorar, criar e ganhar vida - tudo ao mesmo tempo. Levou tempo, mas aos poucos encontramos o nosso meio; nós aprendemos a ter instinto e a confiar nele. Percebemos que se aprendemos alguma coisa, não importa quão pouco, de cada projeto que fazemos, teríamos uma educação melhor do que qualquer programa de pós-graduação ou uma experiência maior do que trabalhar em qualquer grande empresa.

VD: Ao iniciarmos estávamos bem cientes das lacunas no nosso conhecimento e de nossa falta de experiência, não apenas na construção, mas também na gestão de uma empresa e no gerenciamento de clientes. Assim, tivemos de "práticar": agarrar cada e toda oportunidade possível para projetar, aprender cuidadosamente com os erros e rapidamente tentar ganhar tudo o que nos faltava. Nós aprendemos que não era apenas um pouco no domínio da arquitetura que ainda nos faltava, mas sim todo um universo de compreensão fora da nossa profissão que ainda havia de ser explorado, e nosso escritório é um veículo para essa exploração. Nós gradualmente percebemos nossos próprios talentos e fraquezas individuais. Na verdade, Madhav e eu somos os piores críticos e os melhores amigos um do outro! Acho que isso é o que alimenta a nosso escritório.

IAB: Como é o processo de concepção e desenvolvimento de projeto do Anagram?

MR: Os arquitetos modernistas (como a maioria de nós é ensinado a ser) espera ser o líder de uma equipe de projeto em forma de pirâmide. A prerrogativa, ônus e crédito por ter a visão e controle é tradicionalmente atribuída ao arquiteto. Em certo sentido, a indústria e o negócio da construção foram estruturados de acordo. Hoje, no entanto, as rachaduras nessa estrutura estão começando a aparecer. Os processos de projeto não são mais seqüenciais. O controle está, muitas vezes, com os desenvolvedores e visões globalizadas podem ser importadas. Os próprios arquitetos encontram oportunidades ao se integrarem em equipes de estrutura horizontam e mais ampla. Com a arquitetura se tornando programaticamente e tecnologicamente complexa, a única opção para manter o lugar no topo é a que as empresas se tornem maiores e aumentem sua própria aptidão e capacidade internas. Isso leva, invariavelmente, a uma maior distância entre os arquitetos e a arquitetura. Sejamos francos, os dias do arquiteto enquanto líder de projeto, com todos os outros atuando como sub-consultores, estão contados, se é que já não acabaram. Colaborações são canteiros extremamente férteis para inovações e encontramos nas idealizações interdisciplinares uma experiência emocionante. E quando funciona, é mágico. A diversidade do conjunto de habilidades, conhecimentos e processos de projeto pode, se bem administrada, melhorar muito a qualidade do projeto e sua articulação.

VD: Gerenciar colaborações é, muitas vezes, um exercício delicado e nem todos os projetos podem ser colaborativos. A formulação de uma boa colaboração é muitas vezes um esforço que não é específico do projeto e precisa ser alimentada e avaliada ao longo do tempo antes que funcione para um determinado projeto. Além disso, os parceiros em colaboração devem compartilhar alguns valores, não necessariamente ideologias, e devem se sentir confortáveis com os demais para uma franca troca de ideias. Encontramos colaborações de sucesso surgindo a partir da aprendizagem de confiar em seus parceiros e suas habilidades, podendo usá-los para expandir o seu próprio pensamento. Idealmente, a colaboração deve tentar ser maior do que apenas a soma das partes, e não pode ser erosiva em relação às contribuições de cada parte.

Tijolos Helicoidais: SAHRDC. Imagem Cortesia de Anagram Architects

IAB: Qual vocês consideram o trabalho mais significativo do Anagram e por quê?

MR: Essa é uma pergunta difícil. Eu não acho que algum dos nossos projetos seja particularmente significativo. Para nós, todos e cada um deles tem algum valor, mais do que somente benefício monetário. É justo dizer que temos crescido com cada um dos nossos projetos até agora. O Centro de Documentação dos Direitos Humandos do Sul da Ásia (SAHRDC) é o que nos trouxe  da crítica grandes elogios da crítica e reconhecimento global. Então, é um dos projetos que as pessoas identificam imediatamente como sendo nosso. Mas foi o nosso primeiro edifício concluído, há quase seis anos, e mesmo os nossos clientes já o venderam e seguiram em frente!

VD: O trabalho que estamos fazendo para o Ring (T)Rail Project tem um lugar especial em nossos corações - parcialmente por ser iniciativa própria e também por sua natureza e o número de acionistas envolvidos; é um projeto a longo prazo meticuloso. Mas quando for concluído com certeza será uma de nossas obras mais significativas.

IAB: Vocês dois se envolvem no discurso acadêmico - que conexão vocês vêem entre a academia e a prática?

MR: Vaibhav e eu terminamos nossos estudos acadêmicos de graduação e fomos diretos para a prática. Em certo nível, gostaríamos de compartilhar tudo o que aprendemos sobreprojeto fora da academia. Gostaríamos de mostrar aos estudantes de arquitetura que a prática não é apenas uma atividade cerebral, mas que envolve o coração e pode justamente ajudá-lo a encontrar a sua alma, e que esta emocionante viagem está lá, acessível a todos que a procuram com paixão.

VD: Nós também aprendemos muito ao ensinar! Mantendo contato com o estudo acadêmico significa ser capaz de acessar bibliotecas, criticar o trabalho dos estudantes, reservar um tempo para conversar com colegas e estudantes de arquitetura e design. Estes são alguns dos privilégios de ensinar. E, de algum modo, isso nutre nosso trabalho e influencia nosso modo de pensar.

Escritório da Pioneer: Visualização 3D. Imagem Cortesia de Anagram Architects

IAB: O Anagram Architects cresceu muito nos últimos cinco anos e diversificou a escala e o tipo de trabalho que realiza. Quais são seus objetivos para o Anagram Architects no futuro?

VD + MR: Nós esperamos expandir o estúdio ao longo dos próximos anos. Não só em números, mas também em áreas de atuação. No momento, estamos desenvolvendo uma estratégia para canalizar o que fazemos: projeto, consultoria e pesquisa. Esperamos criar conexões "ricas" entre esses canais, reduzir a desorganização e aumentar nossa eficiência. Isso também nos permitiria impulsionar a inovação e direcionar as ideias de maneira específica, com base em nossa crença em criar projetos que reforcem a conscientização (tanto para os nossos clientes, quanto para nós).

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Sobre este autor
Cita: Watkins, Katie. "Jovens escritórios indianos: Anagram Architects" [Emerging Practices in India: Anagram Architects] 14 Ago 2014. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/625478/jovens-escritorios-indianos-anagram-architects> ISSN 0719-8906

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