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Arquitetos: Matharoo Associates
- Ano: 2020
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Fotografias:Bharath Ramamrutham, Yash Jain, Edmund Sumner

Descrição enviada pela equipe de projeto. A casa para um empresário migrante, sua esposa e três filhas está localizada no tecido urbano denso de Chennai, uma metrópole no sul da Índia. O terreno estreito e profundo, com 41 x 102 pés (12,5 x 31 metros), possui apenas uma esquina aberta, que se conecta a uma rua sem saída. Cercada por edificações em três lados e por um edifício residencial alto ao longo de sua face mais longa, a casa dispunha de poucas possibilidades para a entrada de luz e ventilação naturais, além de ter sua privacidade severamente comprometida.

Somam-se a essas condicionantes urbanas as rigorosas exigências impostas pelo Vaastu, que precisaram ser incorporadas ao projeto. Esses princípios tradicionais da arquitetura indiana, derivados de mitos, frequentemente contrariam a lógica de um planejamento espacial racional e contextual. O Vaastu determina posições fixas para diferentes ambientes e elementos em relação aos pontos cardeais — como a entrada, os dormitórios e a cozinha — chegando a especificar até a orientação do corpo ao dormir e a posição dos sanitários.



Aproveitando a legislação urbanística que permite a construção de divisa a divisa, a casa se estende até os limites do terreno em três lados, maximizando a área útil e ocupando espaços residuais. Um plano contínuo de concreto envolve todo o perímetro, formando uma casca monolítica que protege o interior do mundo exterior. É apenas ao atravessar esse invólucro que o plano se revela, desdobrando-se para expor o vazio escavado em seu centro.

Inspirados na ideia do pátio tradicional indiano, grandes vazios são esculpidos no interior do volume, trazendo luz natural abundante, ventilação e vegetação. O maior desses pátios ocupa o coração da casa e se prolonga naturalmente para o interior no nível térreo, configurando uma planta aberta e flexível destinada às áreas de estar. Ele atua simultaneamente como elemento de separação e conexão entre os espaços sociais e os ambientes mais privados que o ladeiam, tornando-se o núcleo da vida familiar, onde diferentes atividades convergem. Pátios menores se distribuem ao longo dos dois eixos desse vazio central, conectando visualmente toda a extensão e largura do terreno. As áreas íntimas são elevadas aos pavimentos superiores, abrindo-se para pátios secundários e para vistas cuidadosamente enquadradas dos limites do entorno construído.

A escada, as paredes e as lajes são concebidas para além de sua função estrutural básica. Com o térreo praticamente livre de pilares, a estrutura é majoritariamente suspensa a partir dos níveis superiores e tratada como um plano contínuo de concreto em três dimensões, que envolve e articula a casa em um continuum espacial fluido. Esses planos se cortam, dobram e se infletem, criando uma sensação clara de movimento no interior da residência — uma composição que sugere leveza, equilíbrio delicado e um jogo constante entre tensão e liberdade espacial.





















