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Arquitetos: BAX studio, Mendoza Partida
- Área: 13200 m²
- Ano: 2023

Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto arquitetônico do Center Rog permitiu a dinamização cultural da cidade graças à reabilitação de um edifício protegido por seu grande valor patrimonial e histórico, em um espaço urbano, às margens do rio.


Desde que a fábrica Rog fechou suas portas no início dos anos 1990, o edifício permaneceu abandonado e posteriormente ocupado ilegalmente, até ser adquirido pela Prefeitura de Liubliana. Em 2008, foi lançado um concurso internacional para sua reabilitação como equipamento cultural voltado à criação artística e à inovação, articulado com o entorno do rio. A competição foi vencida pelos escritórios barceloneses Mendoza Partida Architectural Studio e BAX Studio. Após anos de litígios decorrentes da ocupação do complexo, as obras puderam finalmente começar em 2022 e foram concluídas no final de 2023.


Arquitetura industrial singular. O edifício se destaca no tecido urbano tanto por seu porte imponente, a fachada principal soma 125 metros de comprimento, quanto por suas particularidades arquitetônicas. A remodelação de 1923, realizada pelo engenheiro tcheco Alois Kral, transformou-o no maior armazém da cidade, caracterizado por um design simples e eficiente, baseado na coordenação rigorosa entre elementos estruturais verticais e horizontais ao longo de uma fachada excepcionalmente extensa. Utilizou-se o sistema Hennebique, composto por uma estrutura de vigas expostas ao exterior, uma solução altamente inovadora em Liubliana nos anos imediatamente posteriores à Primeira Guerra Mundial.

Objetivo principal do projeto: valorizar a grande estrutura original. Tendo como premissa simultânea a preservação do edifício industrial e a adaptação às necessidades do novo centro criativo, os autores do projeto — os arquitetos Héctor Mendoza e Mara Partida, do estúdio Mendoza Partida, juntamente com Boris Bezan e Jaka Bezan, do BAX Studio — optaram por ocupar a fachada norte com uma estrutura leve que abriga as circulações, os serviços e as instalações técnicas, solução que evita a interferência desses elementos no galpão original e permite mantê-lo íntegro, livre e flexível para acolher os programas mais nobres previstos para o edifício.

Assim, à ala original do edifício, de 9 metros de largura por 125 metros de comprimento, o projeto acrescenta uma nova ala ao norte, paralela à existente e concebida com uma construção transparente que permite vislumbrar o edifício fabril. Nessa nova faixa foram organizadas todas as circulações lúdicas, os serviços (banheiros, escadas de emergência, elevadores, monta-cargas) e os equipamentos, especialmente os de climatização. Essa decisão assegura simultaneamente a funcionalidade do edifício e a preservação integral da imagem e da atmosfera da preexistência, tanto em seu interior quanto no exterior.


O edifício da antiga fábrica abriga uma ampla variedade de usos: biblioteca, laboratórios de produção, salas de exposições, salas polivalentes, escritórios, ateliês e laboratórios abertos ao público, além de unidades de habitação, estúdios e residências para artistas. Em síntese, trata-se de um centro criativo voltado à promoção e ao fortalecimento das indústrias culturais e criativas locais.

O projeto exigiu um exaustivo trabalho de reforço e restauração da estrutura, incluindo as abóbadas e arcos que se encontravam em péssimas condições, agravadas pela atividade sísmica da região. A nova estrutura também contribui para a segurança e a estabilização necessárias ao equipamento, funcionando como um elemento complementar de reforço para a antiga fábrica.

A luz, protagonista. A concepção envidraçada da nova estrutura na fachada norte permite que a antiga fábrica continue sendo percebida de maneira respeitosa e, ao mesmo tempo, introduz uma quantidade muito maior de luz natural nos espaços. Nesse sentido, outra estratégia do projeto foi abrir o térreo para o passeio junto ao rio — anteriormente totalmente fechado pela fábrica — e criar uma conexão transversal com o novo parque por meio de uma série de lojas e ateliês de produção criativa, favorecendo a interação direta com a vida pública.

Projeto-chave de renovação urbana e ativação cultural. A renovação do edifício Rog foi fundamental para Liubliana, pois sua posição lhe confere um papel singular na relação entre o rio e a cidade. O projeto impulsionou a requalificação urbana de toda a área, orientada por critérios de respeito ao patrimônio arquitetônico e histórico, além de diretrizes de sustentabilidade.


















