
- Área: 302 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Kenta Hasegawa

Descrição enviada pela equipe de projeto. O terreno está situado na cidade de Hashima, Japão, cercado por uma serena paisagem rural de campos de arroz. Em nossa primeira visita, a imagem dos ramos balançando ao vento que vinha das montanhas próximas, causou uma forte impressão.

Este projeto foi encomendado como a nova sede de uma empresa atuante nas áreas de engenharia civil e imobiliária. O cliente desejava um edifício enraizado na comunidade e capaz de ser apreciado ao longo dos anos. Durante o processo de concepção, passamos a acreditar que a essência deste projeto está em revelar o valor oculto da “paisagem cotidiana” que envolve o local.

O percurso mutável do sol ao longo das estações, o movimento dos ramos arroz, das gramíneas ao vento, e as ondulações que se formam na água dos campos durante a chuva — todas essas cenas cotidianas revelam uma beleza silenciosa. Acreditamos que criar oportunidades para perceber essa beleza era o papel mais apropriado para a nova sede de uma empresa profundamente ligada à terra. Em vez de simplesmente integrar o volume ao ambiente, nossa intenção foi projetar um “dispositivo” arquitetônico capaz de tornar as pessoas mais conscientes desses valores por meio de sua própria presença.

O telhado é o elemento mais distintivo da edificação. Ele se eleva de forma marcante em direção ao leste, traçando um perfil proeminente contra o céu, enquanto suas bordas se inclinam suavemente até quase tocar o solo. Uma leve ondulação na linha do telhado introduz uma sutil irregularidade que ressalta a luz refletida, as variações de cor do céu e o movimento das gotas de chuva — trazendo os fenômenos naturais para o primeiro plano e acentuando o encanto da paisagem ao redor.



Internamente, a organização espacial foi concebida para manter uma relação contínua com o exterior. Sob o telhado elevado, um amplo espaço abriga a entrada e as salas de reunião, permitindo que o ambiente externo se integre naturalmente ao interior. Pátios e varandas dispostos sob a cobertura ondulada criam espaços intermediários que mediam entre dentro e fora. Pequenas margens e áreas de descanso estão distribuídas por todo o edifício e pelo terreno, onde pedras e vegetação são incorporadas aos interiores, gerando uma sensação de continuidade com a natureza mesmo quando se está em um ambiente fechado.

Esse ambiente acolhe uma variedade de atividades — reuniões, momentos de pausa ou simples instantes de contemplação das mudanças sazonais. No lado sul, amplas aberturas combinam-se a beirais baixos, equilibrando o controle da luz solar com uma relação mais íntima com o jardim. O vento, a luz e outros elementos naturais são suavemente conduzidos para o interior, criando uma atmosfera viva e em constante diálogo com o entorno.


Por meio desse “dispositivo” arquitetônico, buscamos criar momentos que despertem nas pessoas a percepção da beleza da paisagem, permitindo que moradores e visitantes levem consigo a lembrança de “uma nova paisagem cotidiana”, profundamente enraizada neste lugar.












