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Arquitetos: Archi-Union Architects, TJAD
- Área: 2862 m²
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Fotografias:Shengliang Su

I. Âncoras Culturais dentro de uma Estratégia de Acupuntura — A "Fonte Nanqiao" é um projeto-piloto de renovação urbana na cidade de Nanqiao, Xangai, que adota uma abordagem de acupuntura territorial: “Um Rio ∙ Nove Pérolas”. O Canal Punan conecta fragmentos históricos e comerciais — como o Mercado San-Gu, o Jardim Shenjia e o Jardim Guyuan — liberando gradualmente energia pública e cultural por meio de nove micro-intervenções. Nesse contexto, o recém-construído Pavilhão de Patrimônio Imaterial do Jardim Shenjia atua como uma âncora cultural, entrelaçando tradição e contemporaneidade, vida comunitária e prática artesanal. O projeto propõe um caminho integrado de cultura–estrutura–construção, combinando design paramétrico, alvenaria robótica e otimização topológica estrutural.


II. Inserção Contextual: Uma Estratégia Local de "Sutura Contida" — Localizado no eixo central do jardim histórico, em frente à vila principal restaurada, o pavilhão adota uma massa horizontal em vez de uma confrontação vertical, dissolvendo-se na malha de edificações baixas do jardim. A entrada é ligeiramente deslocada para preservar a vista axial original e criar uma zona de observação, transição e amortecimento. Uma paleta de tijolos de argila, concreto aparente e vidro estabelece um diálogo cromático com a alvenaria histórica, permitindo que o novo volume seja inserido na paisagem cultural como um dispositivo latente, porém perceptível.

III. Tecendo Morfogênese: A Tela de Tijolo Paramétrica — O elemento marcante do pavilhão é sua fachada "tecida em tijolos" que atua simultaneamente como sombra, estrutura secundária e símbolo cultural. Começando com a imagem natural do "vento cortando a água", ângulos de rotação e projeções de tijolos uniformes são gerados por funções sobrepostas para produzir texturas semelhantes a ondulações. Atrás da tela, uma subestrutura de aço fornece suporte enquanto aberturas permitem uma iluminação equilibrada e sombreamento passivo. Assim, o tijolo vermelho comum é reinventado em um "tecido flexível", criando uma dupla tradução de materialidade e lógica de construção.


IV. Alvenaria Robótica: Do Modelo à Montagem — A tela é produzida por meio de um ciclo integrado de design para fabricação. As coordenadas dos tijolos, extraídas do modelo paramétrico, alimentam um fluxo de trabalho com robô industrial que pré-monta segmentos fora do local. Esses módulos são então conectados a seco no canteiro, sem necessidade de andaimes, reduzindo o cronograma em cerca de 30% e o desperdício de material em aproximadamente 40%. Juntas substituíveis facilitam a manutenção local e prolongam o ciclo de vida da fachada, demonstrando a adaptabilidade da construção digital em um projeto de caráter cultural.


V. Interior como um "Instrumento Estrutural–Ambiental" — Em vez de recorrer a exibições decorativas, o interior coreografa estrutura, circulação e desempenho ambiental. Após entrar em um hall sombreado, as linhas de visão dos visitantes são direcionadas a um núcleo de concreto aparente de três andares derivado da Otimização Estrutural Evolutiva Bidirecional (BESO). Atuando como uma coluna autoportante e "chaminé climática", o núcleo de chapa dobrada funde o caminho do movimento com o caminho das forças estruturais: as escadas em balanço alinham-se com zonas de tensão, enquanto claraboias em fenda e aberturas pontuais criam um poço de luz volumétrico. A luz do sol desliza ao longo das superfícies dobradas, projetando sombras que se assemelham a campos de tensão estrutural; enquanto isso, a ventilação por efeito chaminé combina com a tela de tijolo auto sombreada para resfriamento passivo nas estações intermediárias. Um salão livre de pilares de 24×12 m com divisórias móveis pode rapidamente mudar entre modos de exposição e oficinas de artesanato, além disso, as instalações correm invisivelmente dentro das cavidades do piso para preservar a clareza acústica e espacial.


VI. Otimização Estrutural & Continuidade Formal — As estruturas norte-sul são leve graças à BESO, que identifica trajetórias principais de tensão-compressão sob determinadas cargas, traduzindo então a topologia em um sistema de viga "I", reduzindo os membros e a complexidade das juntas. A fachada de tijolo ondulante e o esqueleto de aço otimizado são concebidos como um único contínuo, alinhando estética com lógica estrutural.


VII. Reorganizando o Programa Cultural — O pavilhão cumpre três papéis entrelaçados:
- Local de Memória Cultural – abrigando exposições relacionadas ao patrimônio imaterial, educação artesanal e eventos comunitários.
- Demonstrador de Construção Inteligente – reinterpretando digitalmente materiais locais por meio de alvenaria robótica e algoritmos de otimização.
- Catalisador Urbano – conectando a vila histórica ao calçadão do canal, formando uma galeria cultural vibrante e cotidiana.
Através dessas inserções em microescala, o projeto reorganiza a memória do local, práticas artesanais e vida pública, ecoando uma mudança na renovação urbana e remediação física para criação cultural.


VIII. Conclusão: Do Tijolo à Narrativa Digital — Ao empregar o material local — tijolo — através das técnicas orientadas para o futuro — a fabricação robótica — o pavilhão forja uma ponte entre patrimônio e inteligência, tradição e contemporaneidade. Sua linguagem arquitetônica é criada através de uma tela de tijolo que se desdobra em otimização estrutural, tecelagem paramétrica e montagem digital. Além de um espaço de exposição, exemplifica a arquitetura como um mecanismo cultural: um mediador de significados em vez de um mero recipiente físico. Nesse sentido, a nova construção não anula a história; ela regenera o contexto.
































