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Arquitetos: Side Angle Side
- Área: 120 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Casey Dunn
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Fabricantes: DWR, Fisher & Paykel, Gerkin, Kohler, Material Bank, RBW, The Shade Store

Descrição enviada pela equipe de projeto. A casa/galpão está localizada no topo de uma colina no centro do Texas, estrategicamente orientada para oferecer uma vista panorâmica da região de Texas Hill Country. Ao percorrer a estrada privativa que conduz à residência, o visitante se depara com uma fachada branca e minimalista, moldada intencionalmente para remeter à forma arquetípica de um galpão. Essa silhueta vernacular, voltada para a via pública, camufla a residência na paisagem rural, reforçando sua integração ao contexto agrícola. A partir dessa fachada discreta, a casa se desdobra em um plano linear composto por seis volumes retangulares, organizados em uma progressão que vai dos espaços públicos aos privados. Ao atravessar o galpão de entrada, um corredor conduz o visitante de volta à vista exuberante, marcando o início de uma sequência espacial que revela, em cada ambiente, uma forte conexão visual e física com a paisagem externa.



Projetada como um refúgio familiar, a casa é profundamente influenciada por uma paixão de longa data do arquiteto: documentar e produzir serigrafias de galpões abandonados espalhados pelo Texas. Essa dedicação estética e afetiva se traduz no projeto por meio de detalhes arquitetônicos que evocam as imperfeições gráficas da serigrafia — como desalinhamentos e deslocamentos — reinterpretados na construção física. Paredes que se inclinam além dos pilares de aço, estruturas internas expostas ao exterior e revestimentos horizontais interrompidos por ângulos inesperados são alguns dos recursos que incorporam esses desvios intencionais. Tais escolhas refletem não apenas a linguagem visual da serigrafia, mas também os desalinhamentos naturais causados pelo tempo e pela deterioração observados nos galpões que inspiraram o projeto.


Assim como os galpões abandonados acabam ganhando grandes aberturas com a decomposição de portões originalmente feitos para caminhões e tratores, a casa incorpora amplas portas de vidro deslizantes, do piso ao teto, que oferecem múltiplas possibilidades de ventilação cruzada e circulação, promovendo o resfriamento passivo do interior. Esses painéis deslizantes também emolduram as vistas voltadas para o sul e são protegidos por um beiral de 2,4 metros, projetado para bloquear o sol alto do verão enquanto permite a entrada da luz solar baixa no inverno, contribuindo para o aquecimento sazonal do espaço. Dentro da casa, uma referência adicional aos galpões agrícolas aparece na forma de um mezanino revestido com carpete de cânhamo — uma sutil homenagem à textura e ao material dos fardos de feno.

As inspirações utilitárias e a construção deliberadamente simples da casa permitem que a linguagem contemporânea se manifeste por meio de um minimalismo preciso e intencional. Isso se reflete no uso único de materiais, como um exterior totalmente em alumínio corrugado, uma sala de estar totalmente em madeira e banheiros todos em azulejos. Isso também é perpetuado pela remoção da iluminação e ventilação no teto de madeira, escondendo-os em um "cinto" de aço que envolve a linha inferior da abóbada.



Outra semelhança marcante entre os galpões abandonados e esta residência está na forma como foi concebida e construída: utilizando mão de obra local e um conjunto de desenhos escassos, porém precisos, que abrem espaço para a improvisação e a engenhosidade do construtor. Assim como os galpões, que frequentemente revelam uma beleza atemporal sem terem passado pelas mãos de um arquiteto — o que não os impede de exibir soluções práticas e intuitivas —, esta casa também valoriza o toque humano nas pequenas imperfeições que emergem do processo construtivo. Isso não significa ausência de cuidado: houve uma fase detalhada de administração da obra, em que certos aspectos foram discutidos e refinados em colaboração entre arquitetos e construtores. Ainda assim, as imperfeições não são corrigidas à força, mas aceitas como expressão da autenticidade e da presença do fazer manual.


Por fim, a fusão entre práticas antigas e novas, aliada à beleza que emerge da imperfeição, celebra a essência da vida em sua natureza cíclica, repleta de bons e maus momentos.


















