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Arquitetos: ARCHSTUDIO
- Área: 564 m²
- Ano: 2024

Descrição enviada pela equipe de projeto. Aldeia e Local - O projeto está localizado na Vila North Yangjiaqiao, na cidade de Yukou, distrito de Pinggu, em Pequim. Trata-se de uma aldeia típica das planícies do norte da China, tradicionalmente caracterizada por residências em estilo pátio (courtyard). No entanto, com o avanço espontâneo da renovação das vilas, uma diversidade de novas construções surgiu ao longo das ruas — de pequenos edifícios com inspiração ocidental a estruturas com telhados de aço colorido —, transformando gradualmente o tecido construído tradicional.


O terreno situa-se ao lado da estrada principal da vila, na sua extremidade leste, com cerca de 400 metros quadrados. Trata-se de um lote retangular, mais longo no sentido leste-oeste e mais estreito no norte-sul. As construções originais no local eram desorganizadas, compostas por estruturas de alvenaria com telhados inclinados ou planos, além de anexos provisórios com cobertura metálica colorida, sem valor patrimonial. No terreno, permanecem duas árvores de caqui e uma nogueira, plantadas pelo pai do proprietário ainda na infância. Ainda frondosas e produtivas, essas árvores se tornaram símbolos afetivos da família — e, após conversas entre os arquitetos e o cliente, todas foram preservadas.


Necessidades e Restrições - Os abundantes recursos naturais locais, o estilo de vida rural autêntico e a proximidade com destinos cênicos conferem ao projeto grande potencial como hospedaria para visitantes urbanos. Pensado como um ponto estratégico da malha turística suburbana, o projeto visa expressar a simplicidade, serenidade e o ritmo desacelerado da vida no campo. Desde o início, o proprietário estabeleceu um programa claro: o novo edifício funcionaria como hospedaria (homestay), com pelo menos sete quartos, um deles reservado para sua mãe. O espaço deveria atender tanto a grupos quanto a hóspedes individuais, incluindo cozinhas nos estilos chinês e ocidental, sala de jantar, sala de estar, sala de lazer e um espaço de jogos para os idosos. Para acomodar essas funções, a nova edificação precisaria ter aproximadamente o dobro da área construída anterior.


Regulamentos locais impuseram restrições adicionais: altura máxima de beiral de 7 metros, cumeeira limitada a 8,6 metros e recuo mínimo de 40 cm em relação às construções vizinhas. Dentro desses parâmetros, o desafio era maximizar o volume útil e criar espaços internos vibrantes que refletissem o encanto da vida rural.


Conceito e Forma - As três árvores no terreno não apenas inspiraram o projeto arquitetônico, mas também deram nome à hospedaria: “Lei Homestay”. O termo “Lei” (耒) tem origem em uma antiga ferramenta agrícola e simboliza a vida rural. Seu ideograma é composto por três traços que representam madeira (木), evocando a imagem de árvores e guiando o conceito estrutural de um arcabouço de madeira entrelaçado. A construção se organiza ao redor das árvores, formando dois pátios bem proporcionados que garantem boa insolação e contato com as estações do ano. Essa configuração resgata a tipologia tradicional das casas com pátio da vila. A estrutura principal é feita com madeira laminada colada, que, sob o telhado de duas águas, sustenta uma variedade de plataformas em diferentes níveis, remetendo à experiência de viver em meio a uma floresta.

No térreo, paredes sólidas voltadas para a rua garantem privacidade, enquanto os interiores se abrem totalmente para os pátios. Essa área abriga os espaços comuns — sala de estar, jantar e cozinhas — além do quarto da mãe do proprietário. No segundo pavimento, plataformas em diferentes alturas parecem flutuar acima dos muros de tijolo, em diálogo com as copas das árvores. Aqui, encontram-se seis quartos com estilos variados: suítes padrão, quartos com tatame e unidades familiares em loft. A edificação também conta com dois terraços na cobertura, com vista panorâmica para as montanhas ao redor.



Materiais e Construção - Sustentabilidade e reutilização foram princípios centrais na escolha dos materiais, com atenção também ao controle de custos. A madeira, por sua textura acolhedora e pegada de carbono reduzida, foi adotada como material estrutural principal. A construção em madeira pré-fabricada garantiu precisão e execução de alta qualidade. As paredes externas foram erguidas inteiramente com tijolos reaproveitados do próprio local, evidenciando o compromisso com a reutilização consciente. As divisórias internas de madeira foram concebidas como parte do sistema arquitetônico, evitando etapas posteriores de acabamento e reduzindo custos. As telhas asfálticas cobrem o telhado e se estendem por partes da fachada do segundo andar, conferindo à edificação a imagem de uma “casa cinza” que flutua acima dos muros do perímetro — reforçando sua identidade única.


Ao final da obra, o proprietário descreveu o projeto com orgulho como “uma casa que respira”. Inspirada pelo contexto e construída com materiais sustentáveis e soluções cuidadosas, a residência promove um estilo de vida natural e tranquilo. No futuro, ela servirá não apenas como hospedaria, mas também como ponto de encontro comunitário — fomentando o diálogo entre visitantes e moradores locais e atuando como catalisador para revitalizar a vila tradicional.

































