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Arquitetos: Piano Piano Studio
- Área: 115 m²
- Ano: 2020
Descrição enviada pela equipe de projeto. Um longo corredor leva a três quartos, um para os pais e um para cada um dos filhos, um banheiro grande e confortável e um pequeno lavabo. Uma cozinha fechada também está anexa a circulação - de forma que o cheiro não se espalhe aos cômodos -, bem como uma sala de estar e uma ampla sala de jantar para receber convidados. O layout original é dos anos 70. Partimos de uma compartimentação rígida com a qual os usuários de hoje não se sentem confortáveis, pois não se sentem em casa. Eles têm a impressão de viver em um labirinto monótono que não é inspirador para passar os dias, e estão constantemente procurando desculpas para sair.
Tanto Maria quanto Thomas nos transmitem o sentimento de estarem sendo enquadrados em um modo de vida preestabelecido, e não querem um layout para esse estilo de vida, nem para aquele que levam agora, nem para aquele que levarão em dez anos. Eles precisam de um apartamento que comporte muitas funções: receber amigos, hospedar familiares, estudar, trabalhar, brincar... Tudo isso com a condição física de demolir e construir o mínimo necessário. Nosso trabalho como arquitetos começa com a revisão da hierarquia herdada. Temos que atualizar e modificar a estrutura de uso estabelecida para despertar o interesse dos usuários e encurtar a distância entre a nova distribuição de sua casa e seu modo de vida.
Em primeiro lugar, faremos o exercício de desvincular os espaços das suas meras funções transitórias de receber, de estar... Queremos chegar a uma trama espacial sem hierarquias, sem instruções de uso e sobretudo sem prazo de validade. E, em segundo lugar, para sermos minimalistas na intervenção, fizemos um estudo das reformas necessárias para encurtar ou mesmo anular a circulação de onde partimos, ao mesmo tempo que criamos novas vias de circulação para os usuários e iluminação natural.
As estratégias de distribuição consistem na demolição parcial da divisória da cozinha, na abertura controlada de aberturas em vários pontos existentes e na inserção de um cubículo que não alcança o teto na área central. Com estas pequenas ações obtivemos uma grelha de espaços conectados, múltiplas circulações, vistas infinitas e entradas de luz que atingem todos os cantos do apartamento. Uma não-hierarquia em que os usuários podem usar os espaços como quiserem.
O volume localizado na posição central da casa é a base fundamental do projeto, pois além de abrigar a área de serviço, a despensa, os livros de receitas, os produtos de limpeza, o kit para passar roupa, o micro-ondas e parte da cozinha, pode-se circundá-lo como se desejar, dando passagem aos diferentes cômodos da casa, às vezes até sendo extensões dos mesmos. O fato de não atingir o teto também é importante, pois permite a conexão e a compreensão visual do novo limite habitacional a partir de qualquer ponto da unidade. É isso que dá ao projeto o nome "la volteta". La Volteta, por sua vez, será abraçada por armários e prateleiras, um corredor equipado que reforça a ideia de dispensá-lo.
A cozinha como o centro da casa. Thomas nos informou que o tempo que ele gasta atualmente cozinhando é pequeno, mas inserir a cozinha ao lado da sala de estar faz com que o cômodo não seja apenas um mero espaço de serviço, mas o principal ponto de encontro. O poder de socialização desse ambiente é tão grande que ele lhe dá as boas-vindas desde a entrada e esse acompanhamento visual é contínuo em qualquer espaço limite da casa. Esse privilégio significa que a pessoa que usa a cozinha esteja integrada aos demais, assim como as pessoas nos cômodos conectados a ela.
Um único banheiro foi resolvido por módulos agradáveis e coordenáveis através do uso de portas de correr. Graças à possibilidade de conectá-lo ou fechá-lo, para unir ou separar os três ambientes propostos, os usuários contam com o banheiro privativo e o imprescindível lavabo social. Ao mesmo tempo, o local possui uma área de armazenamento para roupas sujas e um trocador.
Os materiais e a construção da época não são de melhor qualidade, mas mesmo assim não queremos que essa nova fase de ocupação prevaleça sobre a anterior, por isso propusemos uma intervenção sutil para que ela se confunda com o existente. Mantivemos o terraço existente e completamos as áreas onde havia cerâmica e fissuras resultantes da remoção de divisórias. Uma cobertura leve ajuda a fornecer luz e a remover o caráter sombrio que os clientes tanto reclamam.
Demos personalidade à intervenção com um revestimento verde brilhante que dá volume ao chuveiro, ao hall que dá as boas-vindas ao entrar na casa e a uma área do novo banco. O mesmo revestimento nos três cômodos ajuda a encontrar o equilíbrio entre o material herdado e o novo introduzido. A marcenaria, foi trabalhada minuciosamente para conferir qualidade ao apartamento e contribuir para a compreensão do múltiplo funcionamento do apartamento.
