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Arquitetos: Laboratorio de Acupuntura Urbana
- Área: 2614 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Jaime Navarro
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Centro de Desenvolvimento Comunitário no antigo Abatedouro Municipal é um conjunto de transformação arquitetônica que oferece serviços de assistência que promovem o bem-estar e a participação social da comunidade. O projeto está localizado no setor Las Rosas, na cidade de San Cristóbal de las Casas, México, e abrange uma área de 2.614,39 m2.
O projeto busca a recuperação e transformação do Antigo Abatedouro Municipal da cidade, reabilitando a infraestrutura física existente, respeitando os elementos e características principais para criar a união entre os espaços abertos e a criação de novos espaços públicos que, por sua vez, permitam a integração com os elementos culturais que fazem parte da memória coletiva. Dessa forma, apoia-se o desenvolvimento integral da sociedade a partir de uma abordagem de gênero por meio de programas de atenção às comunidades indígenas e grupos vulneráveis contribuindo, por meio da educação, para a melhoria da segurança pública e a preservação do meio ambiente.
O projeto aborda, entre outras questões, as seguintes variáveis: equidade de gênero e segurança, uma vez que, com o uso anterior, 90% das pessoas que utilizavam o imóvel eram homens, por isso, são consideradas oportunidades iguais para o uso da infraestrutura, com a inclusão de ambientes amplos, iluminados e que permitem o livre acesso de todas as pessoas. Além disso, favorece a integração da população urbana com os habitantes da área rural, com especial interesse nas comunidades indígenas, em espaços renovados dentro da cidade, e apoia a política pública de combate às mudanças climáticas.
É criado um eixo compositivo central chamado ágora recreativa, que conecta as edificações pré-existentes com as novas, buscando se adaptar às variações de tempo e às necessidades econômicas, físicas e culturais de todos os atores envolvidos. Leva-se em consideração a história e a memória do local para se adaptar a um novo uso, criando áreas de exposições, oficinas, escritórios, instalações sanitárias, refeitório, depósitos e espaços externos aproveitando o ambiente e integrando-o para gerar um local que conecta história, arquitetura e comunidade.
O centro comunitário integra a vegetação endêmica existente e busca eliminar todos os agentes poluentes gerados pelo antigo "matadouro" que chegavam ao rio adjacente, esses agentes geravam uma situação insalubre, liberando gases tóxicos e contaminando a água da comunidade. Para isso, propôs-se a limpeza extensiva de esgotos, canalização e captação de água pluvial, otimizando o consumo dos recursos naturais e devolvendo, ao mesmo tempo, a limpeza e a saúde à comunidade.
O projeto contemplou o uso de materiais responsáveis com o meio ambiente, como o concreto sustentável para a redução de CO2, cascalho que permite a filtragem da água, materiais locais como madeira e telha de barro, sempre pensando na baixa manutenção e longa durabilidade para que a comunidade e os usuários possam ter edifícios de qualidade e eficientes ao longo do tempo. O conceito do projeto se baseia na transformação dos espaços pré-existentes, buscando respeitar a história do local, mas deixando de lado a conotação do que representava o antigo matadouro abandonado conformado por espaços insalubres. Dessa forma, foi possível integrar o pré-existente às novas edificações, conectando-os a uma ágora central recreativa que une todos os usos do conjunto arquitetônico, buscando se adaptar às variações de tempo e às necessidades econômicas, físicas e culturais de todos os atores envolvidos, ou seja, espaços flexíveis, abertos e com uma materialidade duradoura.
As edificações existentes são transformadas com usos adequados ao propósito do projeto, criando áreas de exposições, oficinas, escritórios, instalações sanitárias, refeitório e depósitos. No exterior, a grande fachada é aproveitada para criar um palco e montar um teatro ao ar livre que se conecta ao entorno mais próximo. No interior, há espaços de pé-direito duplo, respeitando os materiais existentes na região, como madeira e telha de barro, criando um contraste com o concreto e gerando ambientes diversos. Aproveita-se também a maior quantidade de luz solar e são criadas ventilações cruzadas nos espaços. As áreas externas se tornam os fios de conexão entre todas as atividades gerando um espaço com acesso livre para todas as pessoas que buscam fortalecer a comunidade e o sentimento de pertencimento.
Devido às condições do projeto, foram desenvolvidos dois critérios estruturais para fornecer a solução ideal.
Nos blocos existentes foi projetada a reestruturação de acordo com as novas diretrizes estruturais para fornecer maior resistência e segurança ao edifício. O critério estrutural pré-existente foi resgatado e a estrutura foi adaptada para abrigar os novos usos projetados. Na nova edificação, buscando dialogar com o pré-existente, foram utilizadas paredes e pilares de concreto pigmentado, com um desenho que permite preservar a resistência estrutural. Além disso, a cobertura foi adaptada com vigas de madeira e telha de barro para solucionar as temporadas de chuvas fortes neste município. Dessa forma, o cálculo e o desenho estrutural foram unificados com a proposta arquitetônica para dignificar, desde os materiais, a ideia da transformação do antigo matadouro. O maior desafio construtivo foi a reestruturação das duas alas existentes, uma vez que a identidade estrutural foi respeitada.
Esses trabalhos implicaram aprofundar a fundação e reforçar as paredes pré-existentes para que pudessem receber a nova cobertura proposta, com uma estrutura de madeira que sustenta as telhas de barro características de San Cristobal de las Casas. A partir dessa ideia, em todos os elementos estruturais, foi utilizado concreto classe 1 com f'c=250 kg/cm² e aço de reforço com tensão de escoamento fy=4200kg/cm². Em cada etapa de construção, foram seguidas as disposições contidas nas NOM e NMX aplicáveis e regidas pelo que é indicado no novo Regulamento de Construções para o Distrito Federal.
As sapatas corridas ou isoladas estão situadas sobre um melhoramento de solo à base de material inerte e siltoso, dando lugar a paredes e pilares de concreto, com as resistências descritas anteriormente, que sustentarão o edifício para receber a cobertura proposta com uma combinação de aço estrutural e reforços de madeira.
O Centro de Desenvolvimento Comunitário oferece à comunidade um espaço seguro e de livre acesso onde são realizadas oficinas de artesanato, exposições de artistas locais, apresentações de música, aulas de língua indígena, além de incentivar os usuários a adaptar o espaço às suas necessidades e criar uma comunidade que se sinta orgulhosa das suas raízes e possa expô-las e representá-las livremente. Por meio do projeto, podemos constatar que um lugar que representava “sangue e morte” agora representa “vida e luz ” alcançando mais pessoas com arte e cultura e gerando melhor qualidade de vida sem diferenças sociais, de raça, religião ou costumes.
