Cenografia e Arquitetura: ‘BOXES: Intersecção, Intimidade e Espetáculo’ / MESS

© Pablo Blanco Barros

Uma seleção da Prague Quadrennial 2011: Intersecção, Intimidade e Espetáculo por MESS foi apresentada no Chile, no festival internacional de teatro de Santiago em 2012. Nesta ocasião, o Festival promoveu o deslocamento do conceito convencional de teatro e outras formas de arte ligadas à performance, artes visuais e arquitetura. Mais imagens e descrição dos arquitetos após o intervalo.

© Pablo Blanco Barros

A proposta não só confunde a noção de espaço público com o espaço coletivo (privado), mas, também, inclui em uma das oito “caixas” o mesmo vídeo díptico que o autor apresental na PQ2011 para representar o Chile na seção de arquitetura. Os vídeos mostrados foram feitos com a colaboração de um arquiteto (Javier Rioseco) e o artista visual (Nicolas Rupcich). Este pedaço duplo de vídeo tenciona o que é visível e o que não é, o que é privilegiado e o que não é, enquanto nos convida para analisar o Drama coletivo da nação chilena.

© Cortesia de Mess

Para Tisi do MESS, as caixas no GAM assumiu um encontro de mundos possíveis e impossíveis, todos disponíveis para as pessoal que normalmente transitam através de seu espaço. A ocasião também significou um acesso do público ao edifício mais emblemático que existe hoje no país, em termos de artes cênicas. O projeto foi criado para o edifício remodelado da UNCTAD, para comemorar o bicentenário da nação. Este espetáculo proporcionou uma oportunidade única de conhecer diferentes visões sobre obras de arte e de articular compreensões diferentes sobre a performance.

© Pablo Blanco Barros

As caixas eram um show ao vivo que, coletivamente, induzia a participação e, sobretudo, a colaboração entre artistas e espectadores que participaram para contribuir na peça. Ao todo, a peça significa a transformação da paisagem que normalmente possuímos e experenciamos.  É neste sentido que a seleção que acompanhou Tisi, incluiu artistas proeminentes como Romeo Castellucci (Itália), Monika Pormale (Letônia), o duo Maurenrol’s (Letônia), Anna Viebrok (Alemanha), Bohdan Holomicek (República Checa) e Hans Rosenstrom (Finlândia). Todos estes trabalhos considerados de aspectos significantes para questionar o que significa fazer teatro no mundo contemporâneo, e particularmente, destaca o papel que o teatro e a arquitetura possui em nossa sociedade. Por trás destes artistas internacionais, Tisi, dentro de uma caixa, apresentou o díptico acima mencionado intitulado “Survival Acts” (Atos de Sobrevivência). Com sua contribuição um exemplo do Chile acrescenta para a questão que todos os artistas em Praga tentaram responder: o que é performance? e quem  faz isso? A proposta de Tisi apresenta um limite difuso entre o autor e a audiência, entre o performer e o intérprete, para destacar que a arquitetura pode também dizer e fazer algo nesta direção.

© Pablo Blanco Barros

Tisi estava interessado em explorar mais sobre os efeitos da arquitetura e da sua relação com o mundo dos “atores” e “espectadores” inserido na vida cotidiana. A posição estratégica no acesso da GAM significou para ele a oportunidade de cruzar e mesclar locais privados que articulam uma “reunião” pública apenas na intersecção dos espaços entre e com as caixas. A instalação em Praga marcou o desenvolvimento de um trabalho que, deliberadamente, foi um ponto de intersecção entre o mundo das artes visuais com o mundo das artes performáticas, e arquitetura, para questionar os lugares e experiências que possuímos em nosso cotidiano. A instalação que foi apresentada em Praga no National Theatre Square, teve agora o seu homólogo no Chile, que aparece no antigo edifício Diego Portales (o qual é carregado com a história da ditadura militar).

© Pablo Blanco Barros

A fim de desenvolver suas ideias Rodrigo Tisi convidou o arquiteto Pablo Despouv para trabalhar numa plataforma colaborativa com o MESS. Tisi não estava mais interessado em criar novos espaços de artes performáticas sob as asas de um edifício convencional (de teatro), mas estava interessado em destacar a configuração das caixas apresentadas na Europa: um labirinto. O conceito teatral de “caixa preta” foi explorado novamente.

© Pablo Blanco Barros

Neste momento, num sentido muito mais público, relacionado a uma área específica da cidade (próximo ao GAM), uma intervenção site specific, acessível a todos. Em outras palavras, o acesso do GAM foi transformado com sua instalação em um acesso múltiplo (através do labirinto) que enfatiza diversas obras da dimensão “teatral” no espaço livre e público que o edifício oferece.

© Pablo Blanco Barros

As obras das caixas foram interpretadas por objetos. Todos eles funcional como “atores” reais, a serem presenciados por espectadores não convencionais (o reino cotidiano). Este cruzamento também propôs os mesmos problemas destacados pelas caixas em Praga, que foram ligadas ao mundo do teatro para as atividades espaciais em que vivemos no dia-a-dia. É por isso que esta instalação é valiosa, porque ele se pergunta sobre a arquitetura, no momento em que desenrola uma construção temporal do público. É possível agora, achar um novo significado nas experiências ordinárias que possuímos quando vivemos os espaços da cidade. Arquitetura agora se expande no sentido da representação e significado.

© Cortesia de Mess

A instalação foi desenvolvida através de um projeto que abordou diversas questões. A primeira e mais significa tem a ver com o sentido de público. É articulada uma série de fluxos, a partir da rua Alameda ao GAM, para interferir com a chegada e a entrada, mas sem interferir (ou complicar) o funcionamento normal do lugar, por sua subversão. O layout é considerado uma rota para visitar todas as caixas, não apenas aquelas que estão fora do GAM, mas também as que se encontram no interior, onde o teatro convencional normalmente acontece. A instalação resolve estrategicamente os fluxos em âmbito público e geral do ruído do local.

© Pablo Blanco Barros

É por isso que os arquitetos decidiram usar uma pele dupla para a construção. Por um lado, para resolver a questão da “cenografia” dentro das caixas e, claro, a eficiência no interior e exterior. A pele exterior considerada um lote de blocos prensados (fardos de grama alfafa) que tinham a missão de resolver a acústica e também de promover encontros, convidando as pessoas a sentarem e assistirem o “espetáculo”. O verde natural da proposta transformou o sólido rígido e quadrado do GAM usando a linguagem da caixa preta, o “por trás das cenas” e set que pertencem à linguagem do teatro.

© Pablo Blanco Barros

Ficha técnica:

  • Arquitetos:MESS
  • Ano: 2011
  • Endereço: GAM Santiago do Chile Chile
  • Tipo de projeto: Instalação
  • Operação projetual:Instalação
  • Status:Construído
  • Materialidade: Otro e Madeira
  • Estrutura: Madeira
  • Localização: GAM, Santiago do Chile, Chile

Equipe:

  1. Arquitetos: MESS arquitectos
  2. Equipe de Projeto: Rodrigo Tisi, Pablo Despouy

 

  1. Ano de Construção: 2012

Sobre este escritório
Escritório
Cita: Victor Delaqua. "Cenografia e Arquitetura: ‘BOXES: Intersecção, Intimidade e Espetáculo’ / MESS" 13 Mai 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-48407/cenografia-e-arquitetura-boxes-interseccao-intimidade-e-espetaculo-mess> ISSN 0719-8906

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