Edifício Mburicao / Estudio ELGUE

Um resíduo urbano de 7,60x10m, com orientação norte-sul e com um muro de em media 6 metros de altura, dá ao terreno uma configuração de uma espécie de fossa, com pouca luz e ventilação, devido às sombras das construções vizinhas. Recebe um programa habitacional multifuncional, com grande intensidade de atividades sociais- reuniões, cinema, comida ao ar livre, piscina.

© Cecilia Román

Propõe-se um volume de tijolos, separado dos limites do terreno; a oeste, protegendo da incidência solar, uma placa de concreto que estrutura os serviços (escadas e banheiros); a leste, um vazio para capturar todo o vento do noroeste, delimitado por uma pele verde, que atua como reguladora da temperatura, luz e sombras, contendo pátios e um terraço como expansão da área social, no térreo. A organização espacial do volume é estruturada segundo o grau de luminosidade e a relação que cada espaço pede; os menos luminosos e mais resguardados ficam no térreo, e à medida que se eleva, começam a aparecer os espaços com maior exigência de luz e conexão com o interior.

Croquis

Espacialmente, o volume recebe expansões ao exterior conforme se eleva, expansões organizadas helicoidalmente, em níveis, e terminando no terraço, onde se muda a escala, já que o espaço introvertido das zonas mais baixas transforma-se no grande pátio da casa, apropriando-se  de toda a paisagem vizinha. O volume enfatiza sua condição de peça única ao não ser tratado com a tradicional perfuração loosiana: as aberturas são concebidas como rasgos, não referenciadas aos níveis interiores, mas sim às vistas e às entradas de ar e luz.

© Cecilia Román

A habitação está materializada como uma série de peles, a partir de elementos construtivos recorrentes no Paraguai; o mais comum dos tijolos, concreto, madeira nos pisos exteriores e o verde domesticado, traduzido em uma pérgula de pé direito duplo e revestimentos vegetais sobre os muros. A pele cerâmica é estruturada a partir da pele dupla de tijolos –que em seu intermédio abriga a estrutura, as instalações, o isolamento acústico e térmico- conseguindo, ainda, nesse mesmo gesto, a expressão crua do tijolo comum, onde os defeitos dos tijolos são convertidos em qualidade, adquirindo, diante dos efeitos da luz, uma imagem quase de um tecido.

© Cecilia Román

Com os tijolos conformados com junta seca, tenta-se evitar a condensação do ar interior, já que estas funcionam como poros, buscando que o edifício respire por essa pele, ação potencializada pela descontinuidade produzida pelos interstícios entre os tijolos, evitando a condução de calor; a pele, porém, não recebe proteção contra as intempéries climáticas, possibilitando que esta receba marcas em sua textura e coloração, conforme o grau de exposição de cada superfície, revelando a passagem do tempo.

 

Planta Térreo
Planta Primeiro Pavimento

 

Ficha técnica:

  • Arquitetos:Estudio ELGUE
  • Ano:
  • Área construída: 108 m²
  • Área do terreno: 76 m²
  • Tipo de projeto: Residencial
  • Status:Construído
  • Materialidade: Tijolo e Concreto
  • Estrutura: Concreto
  • Localização: Asunção, Paraguai

Equipe:

  1. Arquitetos: Luis Alberto Elgue, Cynthia Solis Patri
  2. Colaboradores: Cecilia Román, René Sosa, Osvaldo Vega, Gizella Alvarenga

 

Informação Complementar:

  1. Estudos do solo: Eng. Carlos Bellassai
  2. Cálculo Estrutural: Eng. Carlos Escobar – Arq. Jaime Olmedo
  3. Construção: Estudio Elgue & asociados

 

  1. Área: 76 m2 de terreno, 108 m2 de área coberta, 48 m2 área aberta (terraços)

Sobre este escritório
Cita: Marina de Holanda. "Edifício Mburicao / Estudio ELGUE" 03 Abr 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-41379/edificio-mburicao-estudio-elgue> ISSN 0719-8906

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