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Mar: O mais recente de arquitetura e notícia

Publicação gratuita traz soluções para tornar cidades mais azuis

A relação das cidades com a sustentabilidade do oceano foi destaque no Pavilhão Brasil da COP28, a Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas. O painel “Cidades, portos e conservação: esforço integrado para cidades resilientes e adaptadas às mudanças climáticas”, reuniu representantes do Governo Federal, de governos subnacionais, do setor privado e da sociedade civil, além de marcar o lançamento da publicação “Oceano Sem Mistérios – Construindo Cidades Azuis”.

Palácio Szatmáry / MARP

© Tamás Török

Poesia e Arquitetura: Preciosa e o Ar / Federico García Lorca

Sua lua de pergaminho
Preciosa tocando vem,
por um anfíbio sendeiro
de cristais e louros.
O silêncio sem estrelas,
fugindo do sonsonete,
cai onde o mar bate e canta
sua noite cheia de peixes.
Nos picos da serra
os soldados dormem
guardando as brancas torres
onde vivem os ingleses.
E os ciganos da água
levantam para se distrair,
coretos de caracóis
e ramos de pinho verde.

Sua lua de pergaminho
Preciosa tocando vem.
Ao vê-la se levantou
o vento, que nunca dorme.
São Cristóvão nu,
cheio de línguas celestes,
olha a menina tocando
uma doce gaita ausente.

Menina, deixa que levante
teu vestido para ver-te.
Abre em meus dedos antigos
a rosa azul do teu ventre.

Preciosa solta o pandeiro
e corre sem deter-se.
O vento-homão a persegue
com uma espada quente.

Franze seu rumor o mar.
As oliveiras empalidecem.
Cantam as flautas de umbría
e o liso gongo da neve.

Preciosa, corre, Preciosa,
que te pega o vento verde!
Preciosa, corre, Preciosa!
Olha-o por onde vem!
Sátiro de estrelas baixas
com suas línguas reluzentes.

Preciosa, cheia de medo,
entra na casa que tem
mais em cima dos pinhos,
o cônsul dos ingleses.

Assustados pelos gritos
três soldados vêm,
suas negras capas justas
e os chapéus nas sobrancelhas.

O inglês da à cigana
um copo de leite morno,
e uma taça de genebra
que Preciosa não bebe.

E enquanto conta, chorando,
sua aventura àquela gente,
nas telhas de barro
o vento, furioso, morde.