-
Arquitetos: Faci Leboreiro
- Área: 400 m²
- Ano: 2020
-
Fotografias:LGM Studio - Luis Gallardo
“Adela - cozinha de origem”, procura criar uma experiência onde a gastronomia mexicana se destaque pela honestidade dos ingredientes e pela autenticidade dos pratos. Portanto, o conceito parte de uma releitura da arquitetura colonial local, onde a utilização dos materiais naturais e os elementos tradicionais falam por si, em um espaço despretensioso no qual nossas raízes surgem para criar uma experiência sensorial do folclore mexicano contemporâneo.
Foi desenhada uma fachada sóbria em alvenaria de pedra da região, interrompida apenas pelo portão de aço que dá acesso ao átrio - um marcante espaço de pé-direito duplo, onde o primeiro acabamento visual é um tear escultural desenhado pela artista Mariella Motilla. Por sua vez, esta recepção é abraçada por um exuberante jardim onde se destaca um jacarandá - visível de todos os pontos do restaurante - que foi respeitado desde o início do projeto para ser apreciado no espaço interior.
Ao elevar a placa de aço e a escada de madeira, o visitante é surpreendido com a mudança de escala e dimensões do restaurante, onde os 40 metros de comprimento das instalações são inimagináveis do lado de fora. A simplicidade na concepção do espaço interior é vista na repetição de vigas de madeira - elemento que remete aos tetos das antigas casas de Guanajuato - que descem pela parede e percorrem todo o espaço, realçando assim a perspectiva marcante que é gerada, permitindo que a espetacular vista panorâmica seja o ponto focal do projeto e o prazer dos visitantes.
O nosso elemento preferido é o corredor que conduz à adega, um túnel por onde descem as vigas de madeira, como se tratasse de uma grande treliça. O caminho é vivido de forma dinâmica, por um lado, graças à vista do jacarandá, e por outro, ao descobrir as prateleiras de chapa de aço onde são expostos artesanatos locais como molcajetes, catrinas e xícaras de barro. O sol torna este percurso mágico, mudando o espaço ao longo do dia com o jogo de luz e sombra que é gerado.
Chegando à adega, foi criada uma sala privativa com vista para o jardim interior: um espaço intimista onde se degusta os vinhos à luz fraca do vibrante candeeiro têxtil que se esvoaça sobre a mesa de madeira. Todos os móveis e elementos decorativos são de fabricação nacional e artesanal, destacando as almofadas confeccionadas em tear backstrap, as luminárias de barro preto de David Pompa, as luminárias têxteis de Mariella Motilla e todo o artesanato local que enfeita o espaço adquirido na vizinhança.
Este exercício tornou-se um aprendizado para descobrir mais uma vez o enorme potencial que temos em nosso país, onde a delicada mão do artesão deve ser motivo de orgulho, exaltada através de nossos projetos compartilhados com o mundo inteiro, assim como o México nos abre seus braços e seu coração.
