
O Seminário Nacional de Escritórios Modelo de Arquitetura e Urbanismo (SeNEMAU) é o momento onde membros dos EMAUs de todo o país discutem, trocam experiências e aprimoram o modelo de ensino e a extensão universitária onde a produção é voltada prioritariamente para os assuntos que envolvam a democratização da Arquitetura. O SeNEMAU, assim como o EMAU, é um encontro idealizado e promovido pela FeNEA e vem ocorrendo de forma anual, desde 1997, sendo organizado por estudantes envolvidos com os EMAUs, juntamente com os professores orientadores. A programação dos seminários é composta por atividades que promovem uma experiência coletiva de troca e aprendizagem, tais como apresentação dos trabalhos dos escritórios modelos, oficinas práticas, palestras, mesas redondas, vivência e intervenção em espaços da cidade.
Temática: SUBVERTER DISCURSOS E PROTAGONIZAR PROCESSOS
Estamos submetidos a uma ordem de discurso estabelecida pela sociedade e segundo Foucault, a produção desse discurso é controlada com objetivo de manter o poder, estabelecendo e perpetuando os valores de uma determinada classe dominante numa dada sociedade. Observamos isso através de valores tradicionais que são incorporados no cotidiano e no imaginário social por instituições como a Igreja, Escolas, Polícia, etc.
Consolidado o capitalismo como modo de produção e sistema dominante sobre o qual fundamos toda nossa organização social, podemos entender a sociedade brasileira como fundamentalmente expansionista e essencialmente organizada em função de produzir mercadorias que estão e sempre estiveram cada vez mais distantes da figura de quem produz, sendo, por vezes, mais valiosas que o próprio trabalho. Entender como funciona a sociedade capitalista brasileira é uma árdua tarefa, porém de fundamental importância nos dias de hoje, em especial, suas contradições e possibilidades de intervenção. Muitas pessoas trabalham para que poucas enriqueçam, de forma devastadora estamos assistindo direitos fundamentais sendo cerceados dos que menos detém, se tornando sucessivamente mais pobres e ameaçados em seu direito de existir. Que temos a ver com isso?
As problemáticas sociais se materializam no espaço urbano e rural, local de nossa atuação, e não atingem todos do mesmo modo, atingem com maior força os grupos marginalizados selecionados por classe, raça, sexualidade, gênero e etnia. Acreditamos que a produção de conhecimento deve ser coletiva e dar retorno a sociedade associando ensino, pesquisa e extensão, porém, entendemos que a forma de conhecimento consagrada ao menos desde o Iluminismo não é mais capaz de responder aos desafios históricos da contemporaneidade.
Tais desafios enfrentados pela sociedade hoje, não são efetivamente solucionados tendo em vista o modelo de produção de conhecimento que salienta o conhecimento científico em detrimento dos saberes populares, mas estão a ser novamente abordados por alguns arquitetos e urbanistas em busca de uma nova definição de progresso e o equilíbrio entre o humano e o meio ambiente. A compreensão da produção do habitat como um processo coletivo, aberto e democrático, baseado no diálogo horizontal entre saberes e fazeres compartilhados, tem sido apontada como eixo para construir uma sociedade baseada no diálogo e no intercâmbio de conhecimentos e visões - um tanque de pensamentos que, com o tempo, tornar-se-á um motor de mudanças e transformações.
Torna-se, assim, imprescindível e mais que isso possível posicionar-se no enfrentamento dos desafios colocados pela inconsequência da lógica de progresso que alimenta a desigualdade e a segregação. Nesse contexto, os processos colaborativos e participativos emergiram como forma de enfrentar a dimensão social de projetos complexos e/ou de interesse coletivo. O movimento nacional dos Escritórios Modelo de Arquitetura e Urbanismo (EMAU) tem endossado essas iniciativas dispondo o conhecimento gerado na universidade a serviço da sociedade, afirmando a responsabilidade social da profissão, posicionando-se como uma ferramenta ao lado daqueles que lutam: associações de bairro, grupos minimamente organizados, movimentos sociais, entre outros. Num cenário de conjuntura política sombrio, o desafio que propomos é nos fortalecermos enquanto movimento nacional e nos reconhecermos como agentes articuladores de processos alternativos à lógica do capital dentro e fora da universidade por meio da reflexão sobre sobre processos de aproximação, construção e atuação de EMAUs, coletivos, assessorias e demais grupos extensionistas de todo o Brasil. Somos uma rede e estamos conectados tanto por nossas próprias lutas quanto pelas lutas às quais assessoramos.
O XXII Seminário Nacional dos Escritórios Modelos de Arquitetura e Urbanismo é um evento organizado por estudantes membros de EMAU onde nos propomos a ouvir, se aproximar, valorizar e dar protagonismo a discursos alternativos, subversivos, não hegemônicos, populares e tradicionais visando enfrentar a dominação de uma classe sobre outras e sua exploração tão fortemente marcada no espaço construído. Esses discursos priorizam o bem-estar coletivo, produzem um espaço social e não o espaço-mercadoria, através de processos abertos e democráticos que fazem arquitetura com reflexão e não apenas como um exercício de construção e técnica, questionando modos dogmáticos e objetivados, na busca por processos promotores ou facilitadores da inclusão social, da construção da sustentabilidade ambiental, no respeito aos direitos humanos, especialmente o direito à cidade e à moradia, focados na construção da cidadania e da urbanidade.
Título
Seminário Nacional de Escritórios Modelos de Arquitetura e Urbanismo - SeNEMAUTipo
SeminárioWebsite
Organizadores
De
20 de Julho de 2018 05:59 PMAté
27 de Agosto de 2018 05:59 PMOnde
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA - São Luís/MAEndereço
R. da Estrela, 472 - Centro, São Luís - MA, 65010-440