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Arquitetos
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Localização
R. Santos Minho, 4490-549 Póvoa de Varzim, Portugal -
Autores
Fábio Milhazes, Rui Loureiro -
Área
320.0 m2 -
Ano do projeto
2017 -
Fotografias

Descrição enviada pela equipe de projeto. Theatro nasce da proposta do cliente, uma sociedade nova de jovens empresários, em criar um espaço multifacetado que fosse capaz de concretizar o sonho de cada de cada um deles. Assim, surge um espaço multiusos onde a livraria e a divulgação cultural aliadas a uma zona de restauração assumem o papel de usos fundamentais.

O edifício escolhido, um antigo salão teatro de 1910, que estava ao abandono e tinha sofrido diversas alterações ao longo dos anos, mas que mantinha um elevado interesse patrimonial. A preocupação foi então, a de recuperar a identidade do edifício, os traços originais do antigo salão teatro, através de uma intervenção com base no restauro do existente e intervindo pontualmente com nova construção.

Deste modo, relativamente à fachada principal, mantendo os alinhamentos existentes, o edifício procura separar-se do seu vizinho através de um grande plano de vidro vertical, como forma de reinterpretação da sua volumetria original. Recuperaram-se os azulejos existentes e fizeram-se ligeiros ajustes na dimensão dos vãos, principalmente no vão da entrada, de modo a marcar o arco pré-existente original. Procurou-se limpar as intervenções que foram efectuadas ao longo dos anos e que desvirtuaram o edifício, recuperando a sua memória, mas assumindo claramente a intervenção actual.

Conceptualmente sugeriu-se a não existência de barreiras físicas entre os diferentes espaços interiores, sendo estes definidos por mobiliário ou diferenças de materiais, cumprindo assim a premissa da proposta, intervir o mínimo possível ao nível de construção. Esta opção é claramente assumida no volume da cozinha, que sendo um volume novo no espaço, optou-se por forrar a chapa ondulada, simulando um contentor industrial, de forma a demonstrar o seu carácter de elemento externo à pré-existência.

Este tipo de intervenção permitiu resolver o programa, que se desenvolve em dois pisos.


Ao nível do rés-do-chão a entrada é uma zona mista de cafetaria com zona de livraria. Na nave desenvolve-se a sala principal de refeições marcada pelo corpo do balcão do bar e garrafeira, claramente estruturas novas de carácter “industrial”, que em conjunto com o mobiliário demarcam os percursos para cada zona, conferindo o tal carácter dinâmico pedido pelo cliente.

O volume “contentor” alberga as zonas de serviço privadas, bem como as instalações sanitárias. O corredor lateral que faz o acesso aos dois espaços no segundo piso é pontuado por uma grande estante que se assume como a zona de exposição principal e que permite que ao aceder aos espaços do piso superior, um wine bar e um espaço multiusos, se contacte com a imensa coleção de livros existente.

A seleção de materiais e dos sistemas construtivos, prendeu-se igualmente com a necessidade de relacionar os sistemas de construção existentes com os métodos actuais de construção.
