

Descrição enviada pela equipe de projeto. O Pavilhão Laoyuting é um dos projetos convidados da Temporada de Arte Dianchi 2024, intitulada “Lar e Futuro”. Localizado ao sul do Parque do Rio Laoyu, às margens do Lago Dianchi, o pavilhão foi inicialmente concebido como a entrada principal do Festival de Arte Dianchi e, após o evento, foi preservado permanentemente como marco espacial do acesso ao parque e ponto de descanso para os visitantes. O parque, formado por bosques de ciprestes situados ao longo da borda do lago, integra a infraestrutura de purificação de água da cidade, funcionando como a etapa final de filtragem natural antes que a água alcance o Dianchi. Habitat de diversos peixes pequenos, o local atrai moradores que vêm pescar em seus momentos de lazer, razão pela qual recebeu o nome Pântano do Rio Laoyu — e, naturalmente, o pavilhão passou a ser conhecido como Pavilhão Laoyuting, um espaço onde as pessoas fazem uma pausa enquanto pescam.


O pavilhão utiliza pilares de aço esbeltos e um telhado fragmentado para criar uma “floresta” artificial entre a movimentada estrada e o deck de madeira flutuante. A estrutura em aço é reinterpretada como um espaço que oferece uma experiência situada entre “estar dentro da floresta” e “estar sob uma cabana primitiva” — uma condição limiar entre as atmosferas de “natureza” e “artificial”. Os densos pilares de aço, com 40 mm de diâmetro, sustentam um telhado aparentemente irregular, mas que, em conjunto, conforma o que pode ser reconhecido como um ting, um pavilhão. No interior, entre os pilares finos organizados em ziguezague, dois caminhos que conduzem à área mais profunda do Lago Dianchi se desdobram sutilmente, criando pontos onde as pessoas ora se reúnem, ora se dispersam.


O telhado permite a entrada de luz fragmentada, evocando a sensação de estar em uma sombra profunda, enquanto vislumbres do céu e das copas das árvores surgem pelas aberturas entre as peças. Visto de longe, porém, o pavilhão remete aos telhados de quatro águas da arquitetura tradicional chinesa. Ao mesmo tempo, devido ao caráter fragmentado da cobertura, ele também assume a aparência de um telhado de palha. Assim, o material real — chapa de aço — acaba por se desmaterializar, ou, mais precisamente, tem suas conotações industriais deslocadas. Essa ambiguidade material nos convida a reconsiderar a relação entre tecnologia e natureza, ao mesmo tempo em que nos leva a revisitar a conexão entre o ting tradicional chinês e o ambiente paisagístico que o envolve.


De acordo com as diretrizes de proteção ambiental do Parque Dianchi, a fundação do pavilhão não poderia perturbar a superfície do solo existente. Assim, toda a base estrutural precisou ser mantida acima do terreno natural. Para tornar isso possível, uma placa de aço foi posicionada diretamente sobre a superfície original, atuando como fundação do pavilhão. Cada pilar é fixado ao topo de um bloco maciço de aço de dez centímetros quadrados, que funciona como uma “micro-fundação” localizada. Com um leve reforço, esses pequenos blocos são capazes de sustentar a carga em balanço dos pilares esbeltos, enquanto sua elevação em relação ao solo reforça a intenção de preservar o terreno original.

Para minimizar ainda mais a perturbação no local, a estrutura do pavilhão adotou um sistema pré-fabricado. Todos os componentes — pilares, painéis de cobertura, juntas e parafusos — foram produzidos em fábrica e posteriormente transportados para o local para a montagem final. Esse método de construção leve fez com que todo o processo se assemelhasse à instalação de uma grande peça artística ao ar livre, em vez de uma obra arquitetônica convencional.


O Pavilhão da Pesca é composto por um módulo estrutural básico formado por “seis pilares + placas de aço planas/inclinadas”, com múltiplos módulos sobrepostos e combinados. Após essa sobreposição, alguns pilares são removidos e as cargas passam a ser transferidas por meio de pilares curtos e mais finos conectados a placas em níveis superiores, criando áreas com diferentes densidades de pilares — aparentemente aleatórias, mas cuidadosamente intencionais. No total, 93 pilares de aço tocam o solo, cada um constituído por uma barra redonda maciça de 40 mm trabalhando em balanço. As placas planas e inclinadas são conectadas por dobradiças, e, acima delas, 125 pilares curtos de aço, também redondos, com 20 mm de diâmetro, sustentam novas placas planas e inclinadas, conferindo ao telhado um caráter estrutural que oscila entre flexibilidade e rigidez.

O Pavilhão da Pesca adota uma postura estrutural singular. Ao desconstruir e recompor a forma de um telhado de quatro águas, ele adquire uma sensação de leveza — resultado tanto do respeito pela ecologia do pântano quanto de uma compreensão renovada da relação entre pavilhão, árvores e pessoas. Sua construção revisita o significado da “árvore” como arquétipo estrutural, evocando os primeiros abrigos erguidos com galhos, e assim retorna a essa metáfora primordial. Dessa forma, a arquitetura cria um espaço que respira, que pode ser atravessado e que convida à pausa. Ele pertence simultaneamente à natureza e ao mundo tecnológico da construção humana, estabelecendo um novo diálogo entre ambos.














