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Arquitetos: Martin arquitetura + engenharia
- Área: 598 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Marcelo Donadussi
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Fabricantes: Bancadas Dekton by Cosentino, Esquadrias Buttenbender, Natuzzi estofados, Urbano Móveis marcenaria

Descrição enviada pela equipe de projeto. Implantada nas encostas frias de Gramado (RS), a Casa Concreto E18 traduz o encontro entre a arquitetura uruguaia contemporânea e a estética do frio serrano característica da arquitetura gaúcha. O terreno, envolto por vegetação nativa, exigia uma solução que equilibrasse presença e integração — uma casa que se destacasse pela forma, mas que dialogasse com o entorno natural e o clima intenso da serra.

A inspiração veio do Uruguai, onde o uso do concreto aparente, das linhas puras e da honestidade material compõe uma linguagem arquitetônica direta e atemporal. O proprietário, após uma viagem ao país, desejava transportar esse conceito para o contexto gaúcho — reinterpretando a simplicidade uruguaia sob a luz fria de Gramado. A partir disso, o projeto se desenvolveu em volumes sobrepostos de concreto aparente, intercalados por grandes panos de vidro, com detalhes em pedra e madeira natural que equilibram a rigidez do material principal. A composição é marcada pela sobriedade formal e equilíbrio visual, traduzindo uma elegância silenciosa que se impõe pela proporção e pela textura.

A estrutura e vedação em concreto aparente foram executadas integralmente in loco, com controle rigoroso de fôrmas, juntas e tonalidade. O resultado revela um caráter artesanal e ao mesmo tempo preciso, onde cada plano expõe a memória do processo construtivo. O vidro atua como contraponto à densidade do concreto, promovendo leveza e transparência. Já a madeira natural, aplicada em forros e revestimentos, introduz calor visual e reforça o vínculo com o ambiente serrano. As pedras em muros de arrimo e pisos externos dialogam com a geologia local, ancorando a edificação no terreno.


O living principal da casa é marcado por um vão livre de 12 metros, um gesto estrutural que amplia a sensação de fluidez entre os ambientes. Internamente, o layout privilegia a continuidade espacial e a integração com o exterior, permitindo que luz, vegetação e clima participem da arquitetura. Os volumes superiores, levemente deslocados, criam balanços que projetam sombra e dinamismo sobre o térreo. A relação entre massas e vazios, típica da arquitetura uruguaia, é reinterpretada aqui com sofisticação técnica e sutileza estética.

A Casa Concreto E18 é um manifesto da arquitetura do sul do Brasil — austera, fria, técnica e sensível. Entre o concreto e o vidro, entre a precisão e o silêncio, a casa revela uma poética material que reflete o clima, a paisagem e a alma gaúcha reinterpretados sob a luz da arquitetura uruguaia.





















