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Arquitetos: Architectural Bureau G.Natkevicius & Partners
- Área: 206 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Lukas Mykolaitis

Descrição enviada pela equipe de projeto. Na vila de Utriai (Distrito de Klaipėda), um novo edifício desmonta a visão estereotipada do que deve ser uma construção rural. O escritório de arquitetura G. Natkevičius & Partners apresenta um projeto em que, sob uma espécie de “armadura” metálica, abriga-se não apenas maquinário, mas também um espaço acolhedor, preparado para receber hóspedes e oferecer pernoite.


A arquitetura contemporânea vem apagando, cada vez mais, as fronteiras entre funções. Por que um edifício destinado a equipamentos agrícolas não pode ser esteticamente atraente? Por que um galpão não pode se tornar um abrigo confortável para visitantes? Este projeto responde a ambas as perguntas ao propor um modelo híbrido: um “edifício de outras finalidades rurais – celeiro (jauja)”, onde utilidade e conforto convivem.

A principal diretriz arquitetônica aqui é a flexibilidade. A planta se divide claramente em duas zonas que, embora sob o mesmo teto, atendem a usos distintos. A maior parte do volume é dedicada ao armazenamento “limpo”: um espaço alto, aberto e acessível por amplas portas seccionais, ideal para maquinário ou tarefas agrícolas de maior porte.

Já a porção oeste do edifício é pensada em escala humana. Um acesso independente leva a ambientes que vão além do conceito tradicional de depósito. Os espaços auxiliares e o mezanino criam uma área verdadeiramente versátil. Graças a soluções de engenharia eficientes e à abundância de luz natural, essa zona se transforma com facilidade: durante o dia, funciona como área de trabalho ou oficina; quando necessário, converte-se em um espaço completo para hóspedes, oferecendo acomodação com vista para a paisagem.

O aconchego, incomum em construções rurais, nasce das escolhas materiais. Os arquitetos (líder de projeto T. Jūras e a arquiteta K. Lodaitė) evitam soluções “baratas” de acabamento. A identidade do interior é moldada por estruturas aparentes de madeira laminada colada (glulam, classe GL28h). Os grandes pórticos de madeira acrescentam ritmo e calor ao espaço, suavizando a frieza industrial do piso de concreto polido. Essa dupla de materiais cria uma estética quase loft—resistente o suficiente para o trabalho, refinada o bastante para o descanso.


Para que um edifício seja adequado não apenas a objetos, mas também a pessoas, a luz natural é essencial. Uma grande fachada envidraçada a oeste emoldura o pôr do sol, enquanto o elemento mais marcante—uma claraboia que se prolonga até se transformar em uma janela vertical na fachada norte—garante luminosidade até nos cantos mais profundos. Isso permite que o mezanino não pareça um sótão, mas sim um pequeno observatório.

Por fora, o edifício permanece fechado e misterioso. O volume de uma água, em forma de cunha, é revestido por uma “pele” contínua de painéis sanduíche na cor do aço inox. É uma carcaça arquitetônica: forte, durável, de baixa manutenção, protegendo a vida variada que acontece em seu interior. A inclinação de 35 graus da cobertura não só cria uma silhueta dinâmica, como também prepara o edifício para autonomia energética (painéis solares).




























