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Arquitetos: RAD+ar (Research Artistic Design + architecture)
- Área: 3000 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Ernest Theofilus

Descrição enviada pela equipe de projeto. O princípio da treliça, fundamental há séculos no clima tropical quente e úmido da Indonésia, constitui um elemento chave de identidade para o controle climático e um notável exemplo de design bioclimático. Quando reinterpretada com maior liberdade formal e flexibilidade por meio de uma codificação dual — funcional e simbólica —, a treliça se transforma em um dispositivo de sombreamento contemporâneo e de alto desempenho. Ao mesmo tempo, torna-se uma superfície visualmente rica e profundamente contextual, evocando a tradição local de experimentação arquitetônica orientada pela sustentabilidade.



Aperfeiçoados por uma geometria de cabos tensionados, os elementos de plástico reciclado conformam uma superfície ondulante que parece dançar entre as árvores. Essa pele envolvente é gerada de forma paramétrica para oferecer sombreamento calculado, atuando simultaneamente como mecanismo de controle climático e como expressão de uma arquitetura bioclimática responsiva.

Derivado de 4.800 kg de resíduos plásticos gerados semanalmente na SCBD (Área de Distritos Empresariais), o projeto transforma esse material em 16.800 unidades de placas de treliça arquitetônicas. Ao incorporar esse sistema de material reciclado em um ponto proeminente de Jacarta, a estrutura torna-se um testemunho explícito dos desafios relacionados à gestão de resíduos, lembrando o público e os formuladores de políticas das 7 milhões de toneladas de plástico que permanecem sem tratamento a cada ano na Indonésia.


Em um gesto de coexistência com a ecologia local, o projeto preserva pelo menos 40% de cobertura vegetal, coreografando áreas comerciais e espaços de convivência de modo a se entrelaçarem com as árvores existentes, que alcançam 20 metros de altura. Em vez de tratar a paisagem como um complemento à arquitetura, o processo adotado foi inverso: a volumetria foi moldada a partir das zonas destinadas à preservação das árvores.



Isso estabelece um diálogo contínuo entre a envoltória paramétrica e a paisagem, articulado por terraços permeáveis que permitem às árvores prosperar ao mesmo tempo que otimizam a área funcional. A massa resultante maximiza a eficiência por meio de uma série de terraços externos transitórios que conectam a fachada paramétrica às copas arbóreas, acomodando seu crescimento enquanto preserva o valor comercial do conjunto.

Esse projeto é um dos protótipos voltados ao estudo do comportamento de inquilinos e da gestão energética. Em uma paisagem marcada por altos valores imobiliários, o projeto resgata a agenda do design passivo, promovendo soluções que reduzem a dependência de energia ativa. A arquitetura estabelece um diálogo direto com as árvores exuberantes do entorno, construindo, a partir delas, um sistema extremo e eficiente de sombreamento.


Ao desacoplar a fachada para criar passagens e chaminés térmicas, e ao substituir elevadores mecânicos por uma rampa ajardinada de trajetória sinuosa, o projeto desafia a tipologia convencional de circulação vertical. O resultado é uma redução significativa na dependência de ar-condicionado e de sistemas elevatórios. A obra se afirma como um farol de possibilidades, demonstrando que, mesmo em uma economia em desenvolvimento, a reponsabilidade ambiental não precisa ser sacrificada em nome do ganho econômico.






















