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Arquitetos: 23 Degrees Design Shift
- Área: 1372 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Justin Sebastian Photography

Descrição enviada pela equipe de projeto. No agitado distrito financeiro de Hyderabad, o Tabula Rasa 2.0 se destaca pelo charme espontâneo, pela cena musical vibrante e, sobretudo, por sua notável identidade visual. Este oásis urbano, projetado pelo escritório 23 Degrees Design Shift, contrasta com as fachadas envidraçadas que predominam na região, oferecendo um respiro cultural muito necessário para o público do setor de tecnologia.


O cliente, um entusiasta da música, idealizou um espaço que refletisse a essência do seu antecessor, ao mesmo tempo quew ousasse ir além. O programa pedia um local compacto, porém aberto ao céu, dedicado a apresentações musicais. Essa ideia foi traduzida em um pátio central que se tornou o coração dos 1.372 metros quadrados do restaurante. Suas dimensões foram cuidadosamente planejadas, testadas e otimizadas para garantir uma experiência audiovisual e sensorial envolvente.


A entrada funciona como um portal cuidadosamente concebido, revelando a amplitude do espaço interno. Ao cruzá-la, o visitante se vê diante de múltiplas possibilidades: áreas internas e externas se interligam, criando transições fluidas perceptíveis no bar semiaberto, no bar fechado e no palco ao ar livre. Sistemas de esquadrias deslizantes reforçam essa continuidade, permitindo que cada pessoa construa seu próprio percurso pelo restaurante.


A linguagem arquitetônica do Tabula Rasa 2.0 é um estudo de contrastes. Um telhado inclinado, fragmentado, parece flutuar sobre paredes sólidas, instaurando um diálogo entre peso e leveza. A estrutura principal combina concreto e aço, enquanto o pátio recebe uma cobertura dinâmica de fibra de vidro que se adapta a diferentes momentos do dia e estações do ano. Chamam atenção também os arcos em jack arch que configuram uma varanda com assentos, integrando com naturalidade usos funcionais — como sanitários — à narrativa espacial. A organização do conjunto reforça um caráter de abertura, sugerindo um lugar preparado para vivências novas e enriquecedoras.

O projeto de iluminação e paisagístico aprofunda essa narrativa arquitetônica, equilibrando forma e função. Fitas de luz embutidas revelam os elementos estruturais e criam uma atmosfera acolhedora ao anoitecer. O paisagismo exuberante que envolve o pátio e as áreas externas promove resfriamento natural e contribui para um microclima agradável. Essa integração cuidadosa entre luz e vegetação não só qualifica a estética do espaço, como também reflete sua filosofia projetual.

Mesmo com toda a energia do restaurante, o projeto encontra momentos de quietude por meio da materialidade. A paleta se ancora na ideia de um espaço que envelhece com elegância: o revestimento em cimento queimado cinza unifica as áreas, servindo como pano de fundo neutro e vivo. O piso escuro de blocos rústicos de granito preto contrasta com o mobiliário em madeira de acácia, enquanto o granito lakha vermelho do pátio adiciona um toque sutil de cor sob a luz natural. O elemento mais marcante é a instalação de grandes painéis de vime suspensos do teto, cujas formas orgânicas contrapõem a geometria linear do conjunto. Esses gestos ajudam a construir a essência do Tabula Rasa, desfazendo expectativas e criando novas percepções sobre o espaço.


O restaurante incorpora ainda soluções sustentáveis cuidadosamente pensadas. A cobertura inclinada favorece a iluminação natural, enquanto cortinas de juta protegem as aberturas voltadas ao sul, reduzindo o ofuscamento e a necessidade de iluminação artificial e climatização. As esquadrias deslizantes permitem ventilação cruzada, e um sistema inovador de resfriamento — alimentado pela água tratada da cozinha — atende 75% dos assentos. A escolha por materiais pouco processados, como o granito rústico, reduz manutenção e reforça a proposta de um espaço eficiente, consciente e capaz de evoluir com o tempo.

O Tabula Rasa 2.0 é mais que um restaurante: é uma experiência sensorial que honra seu nome — uma “tábula rasa” sobre a qual cada visitante inscreve sua própria história. O burburinho crescente nas redes sociais se reflete no fluxo de público, que só aumenta. À medida que o sol se põe e a música ganha força, o ambiente se transforma, oferecendo um refúgio urbano que pulsa no ritmo vibrante de Hyderabad.



























