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Arquitetos: HEMAA
- Área: 2444 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Charles Bouchaid, Sergio Grazia


Descrição enviada pela equipe de projeto. Fundado em 2018 por Charles Hesters e Pierre Martin-Saint-Etienne, o HEMAA é um escritório de arquitetura que adota uma abordagem contextual e pautada pela sobriedade, profundamente enraizada no mundo vivo. Cada projeto nasce de uma leitura cuidadosa do entorno, buscando equilíbrio entre natureza, uso e materialidade. Em Évry-Courcouronnes (Grande Paris, França), o Centro Infantil e Esportivo Parc des Loges traduz plenamente essa filosofia: uma composição delicada, guiada pela paisagem e construída com materiais de origem biológica e geológica, resultando em um equipamento público aberto, generoso e sustentável.

Uma arquitetura com raízes profundas — Perfeitamente integrado à topografia natural do terreno, o projeto acompanha o desnível sem modificações artificiais. Cinco volumes — creche, escola primária, espaço para profissionais de cuidados infantis, refeitório e arquibancada esportiva — organizam-se ao redor de um pátio-jardim central, protegido da rua, mas aberto para a paisagem. Conectados por passarelas envidraçadas e leves, esses volumes autônomos favorecem a entrada de luz natural, criam vistas cruzadas e fortalecem a relação com o ambiente vivo. Em referência aos materiais característicos do parque, as fachadas são feitas de taipa e os interiores são inteiramente estruturados em madeira.

Caminhos serpenteiam entre as novas árvores plantadas, prolongando naturalmente a escola dentro do parque. O jardim infantil transforma-se em uma floresta domesticada, plantada com carvalhos, freixos, bordos e olmos, pontuada por uma clareira que convida ao brincar livre. Inspirado na filosofia Waldkindergarten, o projeto oferece uma visão lúdica e imersiva do aprendizado — profundamente conectada à natureza e ao mundo vivo.

Materiais orientados pela sobriedade — Todo o projeto segue uma rigorosa abordagem ambiental. Os 665 m³ de terra estruturante utilizados nas fachadas — equivalentes a 1.330 m² de paredes com 50 cm de espessura — foram extraídos das escavações do metrô Grand Paris. Isoladas com lã de cânhamo, essas paredes preservam a respirabilidade natural da taipa. Os telhados verdes (com 15 a 20 cm de substrato) melhoram o conforto térmico e auxiliam na gestão natural da água. Brises ajustáveis e beirais profundos regulam a incidência solar de forma passiva. A orientação do edifício aproveita a luz do inverno e favorece a ventilação natural no verão. A vegetação abundante e diversa reduz o efeito de ilha de calor urbana e fortalece a biodiversidade local.


A combinação entre madeira e taipa resulta em uma arquitetura suave e enraizada, definida por formas geométricas simples. Em uma comunidade trabalhadora, onde muitas crianças não deixam a cidade durante as férias escolares, o centro infantil busca ser ao mesmo tempo um lugar de aprendizagem e um espaço de escape. A taipa — um material vivo e respirável — convida ao toque e cria um ambiente singular para crianças que crescem em uma cidade majoritariamente construída em concreto. A madeira, quente e tátil, define os interiores e a estrutura. Na base do edifício, um concreto texturizado de baixo carbono, intercalado por painéis envidraçados na altura infantil (60 cm), combina resistência, luz natural e privacidade.

Um equipamento compartilhado — O complexo esportivo estende naturalmente essa linguagem arquitetônica. Sua arquibancada para 300 pessoas, cuidadosamente orientada, garante conforto visual ideal. A cobertura suavemente inclinada desce em direção à área de lazer, preservando luz e vistas nos pátios. Integrado ao conjunto, o complexo reforça a ideia de um espaço público compartilhado, intergeracional e aberto, no coração da cidade.




























