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Arquitetos: Mur Mur Lab
- Área: 2400 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:WDi

Descrição enviada pela equipe de projeto. Quando assumimos o contrato para a renovação e revitalização do Pavilhão de Ventilação da Estação Lingzhi, na Linha 12 do Metrô de Shenzhen, dentro do projeto Shenzhen Joy City, começamos a refletir mais profundamente sobre essa infraestrutura que enfrentou “atrasos sucessivos” ao longo de sua prolongada fase de construção. O Shenzhen Joy City está localizado no antigo Distrito de Bao’an, Zona 25 — um lugar carregado das memórias dos moradores de longa data. Costumamos observar como a memória humana pode ser instável. É apenas na interação entre o indivíduo e os sistemas tangíveis ao seu redor que emoções, experiências e sensações ganham ancoragem no cotidiano. No fundo, renovação urbana é justamente isso: tecer uma existência coletiva no dia a dia.


Com o avanço das discussões, percebemos que aquela visão “grandiosa”, ambiciosa e um tanto idealista era radical demais. Dentro de um sistema já consolidado, nosso papel era outro: “extrair alguns insights ou restaurar um certo equilíbrio”. Não havia espaço para demolições drásticas ou grandes rupturas; “trata-se, por natureza, de um processo contínuo”. Assim, a conversa sobre a renovação e revitalização do pavilhão de ventilação retornou à pergunta essencial: que presença pública essa infraestrutura deveria assumir na cidade?



O pavilhão de ventilação do metrô é bastante alto — seu topo equivale a um edifício de três andares. Por exigências funcionais, são quase totalmente fechados, ocupando a frente da movimentada rua comercial como uma sucessão de vazios silenciosos deixados na paisagem urbana. Pensamos: vazios são ótimos lugares para desenhar. A estratégia revisada de intervenção não é radical. Simplificamos os volumes existentes e os integramos entre si o máximo possível. Depois, usando uma ilustração de Murong como referência cromática, criamos uma série de fachadas abstratas em painéis de alumínio colorido. Por fim, introduzimos um corredor gradeado entre os diferentes grupos de pavilhões, conectando-os.


Esse projeto não nasce das preocupações arquitetônicas fundamentais de “espaço, estrutura ou comportamento”, mas sim da adoção de uma pintura colorida como abordagem direta e “simbólica”. Embora ousada, essa inserção de um “símbolo minimalista” em um ambiente urbano já eclético confere ao lugar um impacto visual imediato e expressivo.


Durante o processo, a composição cromática dos painéis de alumínio foi um ponto-chave. Começamos simulando, no computador, diferentes combinações e efeitos dos blocos de cor; depois, investigamos as técnicas de fabricação dos painéis unitários. Na etapa de protótipos, calibramos as cores comparando impressões em papel em escala 1:1 com amostras físicas. O resultado final evoca a imagem de um céu tingido pelo pôr do sol.


Um aspecto marcante da renovação urbana é seu ciclo longo. Quando dissolvemos certos elementos dentro de uma escala temporal mais ampla, eles passam a participar de forma mais extensa das atividades públicas da cidade — e, assim, acabam trazendo pequenos desvios, descobertas e surpresas ao cotidiano das pessoas.











