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Arquitetos: Ricardo Azevedo Arquitecto
- Área: 627 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Ivo Tavares Studio

Descrição enviada pela equipe de projeto. É consensual que o exercício da arquitectura nunca parte de uma folha branca e em branco. Há sempre algo, por pouco que seja, intrínseco a nós mesmo e inerente ao contexto que nos envolve, que alimenta a nossa mente, que densifica o nosso conhecimento, que se guarda e se fixa por importância, emoção ou curiosidade.

Projectar sobre realidade edificada existente é acrescentar informação à dita "folha branca" e à História, conjugando o desafio de lidar com o existente e suas características e de aproveitar as potencialidades e oportunidades que se geram e guardam em si mesmo.

Tal ainda mais se acentua quando o promotor da intervenção, no caso, futuro habitante, deseja, natural e legitimamente, "o melhor dos dois mundos": preservar o que de bom encontra nas pedras erguidas e caiadas que formam a construção escolhida para morar; adicionar contemporaneidade e conforto e bem-estar; motivar a criação de um microcosmo habitacional único e irrepetível transformador da realidade num verdadeiro lar, no "meu lar".

E esta terá sido a maior dificuldade do projecto. Esta terá sido a maior dor dos promotores... porque, na verdade, até se alcançar a solução final (ou seja, até à apropriação total e capaz), a dúvida não se apaga, persistindo e insistindo.

A solução encontrada guarda em si mesmo a perenidade do existente feito de paredes estruturais grossas e graníticas, a cobertura feita vários planos inclinados revestidos a telha, desenho de vãos e caixilharias replicados, entre outros, com espaços reinventados e redimensionados, numa ambiência contemporânea, de ligação ao espaço exterior privado expressa , mas resguardada dos "olhos do domínio público", de objectos pontuais de dinâmica vivencial e decoração, de tempos e soluções que, acredita-se, torna esta construção intemporal.

O grande desafio foi este: responder ao tempo presente, respeitar o tempo passado, adivinhar o tempo futuro, tudo condensado na construção sólida construtivamente, bonita ao nível estético, eficaz no modo funcional, racionalmente equilibrada, emocionalmente afectiva.

No final, fica o esforço de tudo tentar conjugar, a satisfação de tudo se afigurar compatibilizado e harmonizado e a expectativa de que o futuro confirme o desejado: a felicidade de quem habitará o edifício. Afinal, é para isso que se projecta e "se faz arquitectura".



























