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Arquitetos: Alventosa Morell Arquitectes, Joan Josep Fortuny Giró
- Área: 400 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:José Hevia

Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizado em Puigpunyent, Mallorca, este projeto, promovido pelo IBAVI (Instituto Balear da Habitação), propõe um edifício concebido segundo critérios de sustentabilidade, eficiência energética e respeito ao ambiente natural. Para isso, parte-se de um modelo de economia local que valoriza o resgate de ofícios tradicionais, sistemas construtivos e estratégias passivas próprias da cultura insular vernacular.


Com dois andares e cobertura em duas águas, o edifício é organizado em seis residências — quatro no térreo e duas no pavimento superior. As unidades do térreo possuem um quarto e acesso a um espaço exterior privativo, enquanto as residências superiores dispõem de dois quartos e se abrem, cada uma, para o seu próprio terraço. Propõem-se espaços abertos, flexíveis e adaptáveis, que se conectam de forma direta, tendo a cozinha como núcleo central. Essa distribuição resulta da combinação de três vãos estruturais.

A materialidade do edifício dialoga com o entorno, recorrendo a materiais e técnicas locais. As fachadas de concreto ciclópico incorporam pedras e terra provenientes da própria escavação. As divisórias são executadas em cerâmica da região, preenchidas com areia excedente de pedreiras próximas e finalizadas com argila e palha. Pisos e esquadrias utilizam madeira certificada pelo FSC. Os revestimentos interiores de cal local, a pavimentação exterior, os azulejos e as telhas também foram obtidos na região, reforçando o compromisso com uma construção de baixo impacto e identidade vernacular.




O edifício foi projetado estrategicamente para maximizar a captação solar no inverno e reduzir a demanda por refrigeração no verão, incorporando ventilação cruzada, proteção solar, alta inércia térmica em pisos e paredes, além de propriedades higroscópicas e de respirabilidade que regulam a umidade interna. A cobertura, concebida segundo o princípio "Trombe", atua como elemento passivo de captação no inverno e é ventilada no verão, regulando a temperatura interna e dispensando sistemas ativos. Por fim, os pátios privativos funcionam como elementos de controle e filtragem do ar, contribuindo para a ventilação natural das residências.

Com um consumo energético quase nulo (1,7 kWh/m²·ano, NZEB), o projeto reduz as emissões de CO₂ em 50%, enquanto os critérios de circularidade permitem uma diminuição de 60% na geração de resíduos. Além disso, houve a preocupação de adotar sistemas construtivos que possibilitem a separação e reutilização dos materiais em caso de demolição. A Análise do Ciclo de Vida (ACV) demonstra um baixo custo de carbono na construção — 230 kg CO₂/m² — o que representa uma redução de 50% em relação a edificações convencionais.

O resultado é um conjunto residencial que minimiza seu impacto sobre o entorno, ao mesmo tempo em que fortalece a economia local e estimula a regeneração territorial. Ao incorporar materiais e técnicas vernaculares, Ses Veles Puigpunyent propõe uma arquitetura em diálogo com a cultura insular, que alia inovação técnica e responsabilidade ambiental.






















