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Arquitetos: B+P Architects
- Área: 496 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Studio Millspace

Local e Ambiente – A estrutura central do projeto é o mercado de peixe: um pavilhão paisagístico composto por galpões, paredes, taludes e árvores. Esse volume aberto estabelece a conexão entre a atividade pesqueira no cais e o mercado interno. Uma parede de concreto voltada para o norte, disposta paralelamente ao píer, ancora o conjunto enquanto funciona como barreira contra os ventos predominantes. Taludes de terra e faixas arborizadas atuam como quebra-ventos, estabilizando o ambiente e criando uma transição em camadas entre interior e exterior. A cidade concebe esse espaço como um mercado de peixe para venda direta, que integra operações fixas, bancas de varejo e programas educativos voltados à celebração e promoção da cultura pesqueira regional.


Vida no Porto e Ritmos Cotidianos – Ao adentrar o porto, uma sequência de elementos familiares se revela: turbinas eólicas destacam-se à distância, enquanto fileiras de árvores e galpões metálicos lineares se alinham ao longo do muro do cais, compondo um padrão ordenado e constante. Esses elementos se distribuem na borda do porto, formando uma sequência rítmica e reconhecível que define o caráter visual e funcional da orla. Em conjunto, refletem o compasso espacial e a lógica operacional do porto pesqueiro.


Os galpões, envolvidos pela vegetação, oferecem abrigo essencial contra os ventos e as chuvas das monções. Em conjunto com o cais, formam um sistema de trabalho contínuo: redes são consertadas, estendidas ao sol para secar e recolhidas à sombra. Até mesmo a rua se integra a essa paisagem laboriosa, servindo como plataforma para a secagem das redes. Arquitetura, natureza e ocupação se entrelaçam em uma coreografia silenciosa.


O Mercado: Onde o Porto se Torna Paisagem – A estrutura central do projeto é o mercado de peixe: um pavilhão paisagístico formado por galpões, paredes, taludes e árvores. Esse volume aberto estabelece a ligação entre a atividade pesqueira no cais e o mercado interno. Uma parede de concreto voltada para o norte, disposta paralelamente ao píer, ancora o conjunto e atua como barreira contra os ventos predominantes. Taludes de terra e faixas arborizadas funcionam como quebra-ventos, estabilizando o ambiente e criando uma transição gradual e em camadas entre o interior e o exterior.

A sala de aula — voltada tanto para o porto quanto para o mercado — permite que a transparência visual e o movimento se integrem de forma natural, incorporando os sons e as vistas da pesca à experiência de aprendizado e de compra. Distribuídos pelo terreno como instrumentos permanentes de trabalho, os elementos funcionais — bandejas de concreto, mesas para limpeza de peixes, tanques circulares e barracas temporárias — são organizados segundo a lógica do próprio processo pesqueiro. Seu arranjo reflete a sequência prática de descarregamento, classificação e venda, traduzindo o cotidiano da atividade em uma paisagem produtiva.


Acima, uma estrutura de aço, como um guindaste suspenso, se projeta sobre a zona de trabalho, conduzindo a sequência espacial. Um telhado de madeira abriga o núcleo e direciona a água da chuva ao solo, onde se formam pequenas poças rasas — espaços que convidam à reunião, à pausa e à contemplação. O diálogo entre madeira e concreto, entre leveza e massa, constrói a identidade arquitetônica do mercado.

Ambiente e Conexões Visuais – O movimento através do local é guiado por vistas em camadas e transições suaves. Desde a rua, é possível espiar através dos galhos das árvores a atividade do mercado sob o galpão. Ao longo da encosta sul, as árvores oferecem sombra, filtram o vento e moldam espaços de descanso com assentos informais. Dentro do local, conexões visuais se desdobram: do porto através da sala de aula, do cais em direção ao mercado, e de caminhos sombreados para clareiras ensolaradas. A experiência é de chegada contínua e imersão sutil.

O mercado de peixe se tornou mais do que um lugar de venda—é uma âncora do porto, uma parada para descanso e uma estação de serviço comunitário. Ele atende as equipes pesqueiras locais, a aldeia indígena e os viajantes que passam pela rodovia e ciclovia. O galpão atua como um limiar: um lugar onde as atividades começam, pausam e se encontram.

Ao dividir suavemente o espaço e emoldurar cenas do cotidiano, o projeto transforma a pesca em uma experiência visível e significativa. A arquitetura não impõe; ela apoia, emoldura e revela—oferecendo uma plataforma onde paisagem, trabalho e vida se cruzam silenciosamente sob árvores, vento e céu.













































