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Arquitetos: A3 Luppi Ugalde Winter
- Área: 1872 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Javier Agustion Rojas

Descrição enviada pela equipe de projeto. Um silêncio abstrato marca o perfil compacto da quadra. Um jogo de pátios internos e terraços verticais reinterpreta o conceito de fronteira municipal, instaurando uma relação fluida entre os espaços. Nesse contexto, o edifício intensifica o vínculo entre interior e exterior, instaurando um diálogo entre o público e o privado, e propondo uma forma de habitar que desfoca e desafia a noção de limite. Como bem observou Thomas Fuller, “tudo é muito difícil antes de ser simples” — e é sob esse princípio que a proposta se desenvolve desde os seus primeiros traços.


Desde o início, a proposta parte do estudo das oportunidades oferecidas pelo terreno que, por suas dimensões bastante restritas e sua reduzida profundidade — inferior a 16 metros —, não exigia recuo nos fundos. Por outro lado, e em virtude das características específicas da quadra, o lote se encontra isento da obrigatoriedade do centro livre. Essa particularidade possibilita a ocupação integral da superfície e a concepção de toda a morfologia da silhueta permitida pela normativa urbanística.

Cabe destacar que essa opção só se tornou viável ao maximizar as superfícies de entrada de ar e luz natural. É a partir dessa reflexão que emerge o conceito de porosidade, no qual operações de subtração permitem o desenvolvimento de plantas profundas sem comprometer a qualidade ambiental, a iluminação e a flexibilidade espacial. Hoje — e de forma ainda mais evidente após a pandemia — passamos a valorizar o contato com o ar livre, não apenas como meio de ventilação, mas como componente essencial da experiência de habitar e de desfrutar o cotidiano.

Desde sua gênese, o edifício se propõe a viver “entre pátios”. Esse propósito é alcançado por meio de uma pele dupla — um jogo de filtros que introduz complexidade espacial e conforma uma trama tridimensional, como uma sequência de jardins suspensos, onde o interior das unidades se funde com a cidade. O acesso aos apartamentos se dá através de pátios ou corredores, que abrigam churrasqueiras e espaços destinados ao estacionamento de bicicletas.



A sequência pulmão–pátio–apartamento–expansão–cidade constitui a hipótese central de trabalho do edifício. A edificação possui 13 andares: um térreo que abriga o hall de acesso e um espaço comercial, além de um subsolo destinado a serviços. Os pavimentos tipo, do 1º ao 9º andar, acomodam dois apartamentos — um de um ambiente e outro de dois ambientes —, enquanto os andares 10º, 11º e 12º recebem unidades únicas de três ambientes.


Quanto à expressão do edifício, busca-se transmitir uma sensação de abstração, pureza de linhas e nobreza nos materiais. A estrutura é em concreto aparente, com lajes expostas. Os terraços se apoiam sobre uma malha de perfis metálicos de seção esbelta, o que reforça a percepção de leveza e continuidade.


2636 Flats propõe uma abertura no perfil compacto da cidade, apresentando uma concepção em que o não construído se transforma em matéria, e o vazio adquire significado como lugar essencial. O edifício é entendido como uma metáfora da relação entre interior e exterior — um diálogo contínuo entre natureza e arquitetura. Desfrutar dos diferentes estados do tempo ao longo das estações, sentir a chuva, o sol e as sombras, faz com que cada dia nele se revele único.



















