
- Área: 494 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Kenta Hasegawa

Descrição enviada pela equipe de projeto. Aprender transforma a forma como enxergamos o mundo, revelando o que não sabíamos e refinando nossa perspectiva. É um ciclo em que o conhecimento gera novas perguntas, a curiosidade impulsiona a exploração e a investigação alimenta novos aprendizados. Esse processo enriquece a vida e, graças ao esforço acumulado de gerações passadas, nosso mundo foi sendo moldado ao longo do tempo.

Quando a KOKUYO encomendou a criação de um espaço para que seus colaboradores pudessem explorar interesses e expandir conhecimentos, o escritório DDAA se sentiu instigado, mas também incerto. Diferente da “educação”, que transmite informações, o verdadeiro aprendizado nasce da curiosidade — algo que não pode ser imposto. Ainda assim, a arquitetura poderia apoiar esse processo indiretamente, criando um ambiente que estimulasse a exploração e o compartilhamento. Além disso, o projeto tinha valor organizacional de longo prazo, ao promover o aprendizado autônomo e a troca de saberes entre diferentes áreas. O objetivo do DDAA foi traduzir esse ciclo de aprendizado e curiosidade no próprio projeto, estruturando a colaboração com a equipe de design da KOKUYO como um processo mútuo de aprendizagem. Juntos, trocaram métodos, sistematizaram abordagens e trataram o projeto não apenas como um resultado, mas também como uma experiência educativa em andamento.


O grande desafio era definir o que significa apoiar o aprendizado por meio do espaço. Embora a curiosidade não possa ser fabricada, o ambiente pode oferecer uma plataforma onde as pessoas se sintam livres para se concentrar profundamente e, ao mesmo tempo, vivenciar momentos de troca. Um espaço bem projetado pode equilibrar a aparente contradição entre “concentração” e “compartilhamento”. Interações espontâneas — como ouvir a conversa de um colega próximo — podem gerar novas ideias. O objetivo, portanto, era criar um lugar em que o foco individual e o entusiasmo coletivo coexistissem de forma natural.

Para isso, a equipe se inspirou nos restaurantes familiares japoneses. Esses espaços 24 horas permitem usos diversos: comer, estudar, relaxar ou até discutir, tudo compartilhando o mesmo ambiente. Algumas pessoas se concentram, outras socializam, e o espaço acomoda as duas dinâmicas ao mesmo tempo. Essa convivência flexível inspirou o modelo para o espaço de aprendizagem. O DDAA realizou uma pesquisa detalhada sobre esses restaurantes — sua história, representações culturais e organização do mobiliário — antes de condensar três elementos principais de design.


Primeiro, uma estrutura espacial dupla: a parte inferior oferece zonas privadas para concentração, enquanto a parte superior permanece aberta e compartilhada. Na prática, a altura dos móveis aumenta gradualmente do centro para o fundo, e plantas funcionam como divisórias, garantindo privacidade sem isolamento. O mobiliário em tons de verde unificou o espaço visualmente, equilibrando o foco sentado com a visibilidade coletiva durante a circulação.



Segundo, destinos distribuídos para promover circulação e interação. Funções como bibliotecas, áreas de bebidas e pontos de suprimentos foram espalhadas pelos andares. Esses núcleos incentivavam as pessoas a se moverem, notarem o trabalho dos outros e criarem trajetos semelhantes a padrões naturais, otimizando o uso do espaço e possibilitando compartilhamentos ocasionais.

Terceiro, mesas de diferentes tamanhos garantiram flexibilidade. Inspiradas nos assentos em “booth” dos restaurantes, elas não determinavam o número de usuários. Podiam ser usadas para espalhar documentos, trabalhar sozinho no laptop ou colaborar em grupo. Grandes mesas baixas próximas à entrada simbolizavam abertura, exibindo usos ativos e até bagunçados como uma representação visível do propósito do espaço.


Em última instância, o espaço não foi projetado para ditar como aprender, mas para oferecer um terreno fértil à curiosidade e à troca. Ao combinar concentração e compartilhamento, buscou estimular ciclos contínuos de aprendizado, beneficiando tanto os indivíduos quanto a organização como um todo.
























