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Arquitetos: Shinagawa arquitetura
- Área: 300 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Evelyn Muller
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Fabricantes: Hansgrohe, Deca, Indusparquet, Lumini, Portobello, Vallvé

Descrição enviada pela equipe de projeto. Implantada nas encostas arborizadas da Serra da Mantiqueira, a Casa Tikira foi concebida como um refúgio de contemplação e reconexão. O projeto nasce do diálogo entre formas essenciais e a paisagem de Campos do Jordão, marcada por clima ameno, e vegetação nativa.

Desde a implantação, buscou-se minimizar o impacto no local. Preservamos as árvores nativas e aproveitamos um platô existente para acomodar o volume principal. Parte da casa permanece em balanço sobre o declive natural, o que reduz a movimentação de terra e mantém a topografia original.

A planta foi concebida como um U, com volumes levemente deslocados para responder à distribuição e à função. Essa estratégia cria relações visuais e de circulação entre os blocos, conectados por pátios e por um pergolado vazado que filtra a luz e marca a transição entre interior e exterior. No centro, abre-se um pátio voltado para o vale. O volume principal, com telhado de duas águas e grandes planos envidraçados, reafirma o arquétipo de abrigo e enquadra a paisagem. Nas alas laterais, as suítes recebem insolação generosa e ventilação cruzada, reduzindo a necessidade de climatização artificial.

A estrutura combina fundação em concreto e armação metálica, permitindo vãos amplos e leveza. Os fechamentos mesclam alvenaria e madeira, com revestimento externo em madeira natural certificada. No piso, a madeira maciça predomina nas áreas sociais e íntimas, reforçando a sensação de aconchego e continuidade visual. Já o porcelanato de grande formato, com textura acetinada, foi reservado para as áreas molhadas como banheiros, lavanderia e ateliê, garantindo durabilidade e facilidade de manutenção.


As soluções sustentáveis orientam toda a concepção. Foram adotadas estratégias passivas de ventilação e iluminação, implantação com orientação solar estudada e uso de materiais de origem local. A cobertura recebe placas fotovoltaicas para geração de energia, o aquecimento de água é solar e a captação de chuva abastece sistemas de reuso. A casa também conta com tratamento de águas cinzas, ampliando a eficiência no uso dos recursos hídricos. A preservação da vegetação e o assentamento sobre o platô existente reduzem a pegada da obra e reforçam o vínculo com o lugar.

No interior, marcenaria fixa desenhada pelo escritório organiza os espaços e integra funções. O mobiliário combina design brasileiro contemporâneo e peças artesanais, criando uma linguagem de conforto, simplicidade e funcionalidade. Um volume adicional imerso na mata abriga o ateliê de cerâmica da proprietária e de sua filha, ampliando a experiência criativa em contato direto com a natureza.

Mais do que uma casa, a Casa Tikira é uma arquitetura de presença. Converte o ritmo da floresta em forma, luz e textura e propõe um modo de habitar íntimo, simples e enraizado no território.



























