
-
Arquitetos: Utopia – Arquitectura e Engenharia
- Área: 325 m²
- Ano: 2025
-
Fotografias:Pedro Machado Photographer

O local e o conceito. O lote consistia num pequeno terreno localizado num bairro de casas unifamilares na cidade do Porto. Esta zona das Antas caracteriza-se por elevado equilíbrio entre construções e espaços com pequenos jardins onde pontualmente surgem árvores e alguns espelhos de água. O projeto nasce assim condicionado pelo volume de construção pré-definido e a arquitetura surge como um grito de liberdade. Encaramos o volume como uma rocha ocre pousada no terreno e sobre esta escavamos a forma e as aberturas necessárias para uma habitação e um pátio com piscina sulcados no terreno.


A rocha. A massa construída que gera as paredes, lajes e tetos das casas contemporâneas é hoje ocupada por uma conjunto de elementos estruturais e técnicos altamente regulados por legislação. Estes elementos todos os anos aumentam de espessura com novas regras cada dia mais exigentes. Neste projeto decidimos aceitar estes elementos como matéria plástica e trabalhamos com o conceito de massa. O projeto é assim uma rocha escarlate disponível para ser talhada por dentro e por fora.


A água. A água é a condição essencial à vida. A sua presença é suficiente para alterar o comportamento humano. Tentamos assim que a piscina e todo o simbolismo da água fosse visível de todos os pisos. Para tal, escavamos um pátio que ilumina o piso da cave e neste mesmo espaço abrimos uma janela para o interior da piscina. A luz filtrada pela água inunda assim o pátio lateral. Por cima do tanque de água, e porque levamos a sustentabilidade a sério, colocamos uma cobertura deslizante que permite reduzir a evaporação e conservar a temperatura da água.


A terra. Sempre que possível tentamos aumentar as zonas permeáveis ou de vegetação. Nesse sentido, colocamos o programa de forma concentrada no volume, libertando o máximo de zonas para a terra vegetal drenar a água da chuva. Mesmo num lote exíguo é possível criar zonas verdes em todas as fachadas.


A arquitetura como ato de liberdade. Organizamos a casa de modo eficiente, colocando a garagem e zonas técnicas na cave, juntamente com a sala de convidados anexa ao pátio. No piso de entrada colocamos a sala voltada para a piscina e jardim e a cozinha virada à rua. No primeiro piso desenhamos os dois quartos mais pequenos voltados para a rua e o quarto principal aberto para o jardim e piscina. No piso superior temos um terraço disponível para apanhar banhos de sol e alojar painéis solares. No fundo, para cada espaço há um entalhe na rocha ocre e um desígnio. Perante um contexto onde cada dia que passa há mais regulamentação legal, condicionamentos de produção, exigências tecnológicas, a arquitetura surge como o último espaço onde ainda pode reinar a liberdade de esculpir.























