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Arquitetos: Kiti Vieira Arquitetura
- Área: 260 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Pedro Napolitano Prata
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Fabricantes: Taipal Brasil
Descrição enviada pela equipe de projeto. Casa Palco: arquitetura como rito, corpo como morada. Construir uma casa é, antes de tudo, um ritual. Um gesto de enraizamento no território, em diálogo não só com a paisagem, mas com a matéria viva do lugar – a terra, a vegetação, os minerais, a umidade, os ventos. A Casa Palco nasceu desse processo, transformando-se ao longo dos três anos de obra junto com aqueles que a habitam. O que começou como um projeto de uso familiar expandiu-se para um espaço de experimentação, onde arquitetura e corpo performam juntos, em fluxo com a natureza de Paraty.
Desde o início, a relação com o terreno orientou o projeto. Como nos imaginaríamos nesse espaço? Como nossos corpos coabitariam com a paisagem? O terreno, situado dentro de uma marina de barcos, trazia desafios: um solo instável, a proximidade com o mangue e a serra como horizonte. Essas condições moldaram as decisões arquitetônicas, conduzindo a uma estrutura que une solidez e leveza: metal como alicerce, vidro como transparência, taipa como memória da terra.
Um dos elementos centrais era a escolha da terra para as três paredes de taipa, que carregam em si um gesto de pertencimento e comunhão. As cores vêm das diferentes terras que coletamos: o roxo profundo de Cunha, o marrom denso de Paraty, o amarelo vibrante de Piracicaba e ainda fragmentos rosados de quartzos vindos de terrenos de amigos – camadas de memória incorporadas na própria matéria da casa.
A estrutura metálica é o eixo que sustenta a casa no território, uma base que ancora o espaço ao solo instável da marina. O vidro dissolve os limites entre o dentro e o fora, permitindo que a paisagem se torne parte do espaço vivido. No piso superior, os retalhos de granito que compõem o piso em uma colagem de texturas e temporalidades, um mosaico afetivo que se transforma à medida que a luz o percorre. Já o granilite do térreo foi executado artesanalmente pelo próprio empreiteiro, reforçando o caráter manual e singular da construção.
A Casa Palco não é apenas um lugar de morada, mas de movimento. Sua identidade foi se desenhando entre mudanças de planos e improvisos da vida. No ensaio fotográfico de Pedro Prata, essa relação se torna visível: meu corpo em performance, habitando o espaço como extensão de si, enquanto a arquitetura se revela como cenário e envoltório. Entre terra, vidro e aço, entre a rigidez da estrutura e a fluidez do corpo, a Casa Palco é um dispositivo onde o habitar se torna ato vivo.
