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Arquitetos: Project 51 A (h)
- Área: 1880 ft²
- Ano: 2024
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Fotografias:Prasoon Suresh

Descrição enviada pela equipe de projeto. Sussurro Etéreo é uma casa projetada para Minoy e Liji, que retornaram a Kerala após anos no Canadá em busca de uma vida mais tranquila e enraizada. Localizada em Karimannoor, Idukki, a residência se instala no ponto mais alto de uma plantação de seringueiras de dois acres, em uma clareira preservada no centro do terreno. Levemente elevada para captar luz, brisa e vistas dos bosques ao redor, a casa não se impõe sobre o lugar: ela se acomoda, como uma pausa suave na paisagem.


A planta adota uma forma semicircular que acompanha o relevo com delicadeza. Paredes radiais orientam os percursos de maneira orgânica, desfazendo a rigidez da linearidade. No coração da casa, um amplo espaço aberto reúne cozinha, sala de jantar e estar em um único ambiente arejado. A partir dele, três dormitórios se projetam, cada um com sua própria orientação e grau de recolhimento, equilibrando convivência e privacidade.

A arquitetura se define mais pela abertura do que pelo fechamento. Em vez de janelas convencionais, painéis metálicos perfurados e chapas semicirculares de zinco ondulado filtram os limites da casa. Essas superfícies porosas deixam passar a brisa, a luz difusa e fragmentos da paisagem. Funcionam como um véu — não bloqueiam a vida ao redor, apenas suavizam sua entrada, como um sussurro que se espalha sem esforço.


As passagens entre espaços são marcadas com gestos sutis. Um arco vermelho na entrada anuncia a transição da plantação para a morada, sinalizando o momento de chegada. No lado oeste, um corpo d’água estreito acompanha a curva da varanda, refletindo céu e vegetação enquanto refresca os interiores. Essa lâmina cria uma superfície contemplativa, desfazendo a fronteira entre dentro e fora.

Rompendo o ritmo circular, um quarto triangular introduz contraste e intimidade, protegido por pés de areca. Paredes inclinadas e aberturas em arco capturam fragmentos de luz e paisagem, enquanto um banheiro iluminado por claraboia traz luz natural de cima, compondo um jogo sereno de iluminação vertical. O telhado inclinado se dobra suavemente em direção ao pátio, ajudando a construção a se dissolver no entorno em vez de se destacar dele.


Os materiais reforçam essa conexão com o lugar. Tijolos de encaixe de barro formam as paredes, enquanto uma parede de terra socada acrescenta textura, resistência e conforto térmico. Telhas reaproveitadas e ladrilhos recuperados trazem camadas de memória e continuidade, enraizando a nova morada em um sentido de permanência. Até mesmo no concreto do piso, resíduos plásticos foram incorporados, dando novo propósito ao que seria descartado.

Sussurro Etéreo não busca se impor sobre a terra, mas se mover em sintonia com ela. Sua pele porosa, o fluxo radial, a lâmina d’água reflexiva e os recantos silenciosos se articulam em uma casa que respira junto ao terreno. Mais que uma residência, ela propõe um modo de viver mais lento — um diálogo íntimo entre terra, ar e as vidas que abriga.















