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Arquitetos: atelier tao+c
- Área: 178 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Wen Studio
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Fabricantes: ziinlife

Descrição enviada pela equipe de projeto. Atravessar a ponte sobre o rio Qu leva até a vila de Tingtangxu, que está localizada ao longo da estrada que acompanha o rio. Cada residência da vila adota uma arquitetura vernacular, marcada por quintais frontais de formato irregular. Esses quintais são definidos pelos caminhos entrelaçados da vila, que surgiram ao longo de gerações de negociações entre vizinhos, refletindo espacialmente a estrutura social rural da comunidade.



Na entrada da vila encontra-se uma casa típica desse estilo, composta por uma construção do final da dinastia Qing, um pátio com uma árvore e um anexo de cozinha adicionado na década de 1990. É nesse ponto que se inicia o Hushiguang Art Eco Site, um festival de arte rural que se desenvolve ao longo do rio Qu, com obras dispersas pelos campos naturais, atraindo visitantes e influenciando, de forma sutil, a vida das vilas. Nesse cenário, o atelier tao+c inseriu um galpão de impacto leve que funciona como espaço multifuncional: um ponto de descanso para turistas e um local de encontro para que moradores possam conversar casualmente ao entrarem ou saírem da vila, promovendo a interação entre visitantes e residentes.



Ao redor do pátio, cujo formato oblíquo é delimitado pela estrada à beira do rio, pelos caminhos da vila e pela parede compartilhada com o vizinho, os arquitetos projetaram um corredor sustentado por uma única coluna que envolve todo o perímetro. Esse corredor também define um pátio retangular paralelo à parede compartilhada, inclinado em 5° em relação à casa principal. A criação desse corredor estabelece claramente os limites do terreno e cria um limiar intermediário entre a estrada e a casa principal, filtrando o ruído externo e permitindo a passagem da brisa do rio.



Os beirais ao redor possuem três alturas diferentes. Na parte próxima à estrada da vila, o corredor atravessa diagonalmente o anexo original da cozinha, formando a janela do café. Logo em seguida, o beiral desce levemente para formar a entrada voltada para a estrada. Ao longo da parede divisória com o vizinho, o beiral se mantém mais baixo, envolvendo a árvore; depois, ele contorna a fachada da casa antiga, mantendo uma distância que preserva a integridade da frente principal. A variação da altura dos beirais responde tanto às necessidades de uso quanto ao entorno imediato.


Dentro da casa antiga, os painéis de madeira e os pisos que haviam sido preenchidos foram removidos, revelando a estrutura original do edifício. Uma estrutura leve de aço galvanizado foi inserida, cruzando as vigas antigas sem danificá-las, integrando internamente áreas de exposição, assentos e iluminação. O piso foi revestido com resina epóxi preta, realçando o contraste entre os materiais novos, lisos e brilhantes, e o tecido original da construção. O hall para visitantes adota uma postura de preservação passiva: utiliza o espaço sem ocupá-lo, insere elementos sem promover reformas. Sem apagar suas marcas, a estrutura de madeira envelhecida e as superfícies desgastadas permanecem intocadas, acompanhando seu processo gradual de envelhecimento.



Os materiais escolhidos para os corredores e inserções internas são tubos de aço galvanizado e chapas onduladas de aço inox, de padrão industrial, facilmente encontrados em lojas locais de materiais de construção, cortados e soldados no próprio local. O uso estratégico desses materiais comuns cria um diálogo com os métodos vernaculares presentes em alguns galpões da vila, ajudando a intervenção a se integrar harmoniosamente ao contexto rural.


Neste projeto de renovação rural, os arquitetos buscam preservar a consciência de ser um visitante que chega com delicadeza e fala suavemente. Por meio de intervenções temporárias e reversíveis, procuram equilibrar a reescrita e a preservação, mantendo aberta a possibilidade de futuras transformações.

































