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Arquitetos: Rama Estudio
- Área: 140 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:JAG Studio

Descrição enviada pela equipe de projeto. Em uma encosta do Ilaló, Equador, dentro de um bairro comprometido com o manejo responsável da água, a vegetação nativa e a integração paisagística, implanta-se a Casa dos Quartos Rodantes. Projetada para um jovem casal com uma visão sensível sobre o habitar, esta residência se propõe como uma alternativa consciente aos modelos tradicionais de construção em áreas rurais de expansão urbana. Desde o início, o objetivo foi projetar um lar que se insira no respeito e na economia de meios.

A estratégia principal foi ler o terreno com precisão: topografia, orientação, vistas e vegetação. Evitou-se modificar a inclinação, adaptando o volume às curvas de nível e evitando cortes ou aterros. A fundação e as primeiras paredes são de pedra do local, proporcionando massa térmica e continuidade com o entorno. Sobre estas, ergue-se uma parede de taipa, técnica ancestral de terra compactada estabilizada, que cumpre funções estruturais, térmicas e programáticas.

Abaixo de uma grande cobertura inclinada apoiada na parede de taipa e em uma estrutura de madeira laminada, gera-se um espaço contínuo e flexível. Esta cobertura não apenas protege, mas permite múltiplas formas de uso. A casa não possui divisões fixas; tudo se organiza em torno de uma parede e uma série de elementos móveis que transformam o espaço conforme a necessidade.

Duas grandes caixas móveis de madeira contêm os espaços privados: um dormitório principal com closets e penteadeira, e um estúdio que também funciona como sala de TV com sofá-cama embutido. Estas caixas se movem dentro do volume, possibilitando diferentes configurações espaciais: abrir para reuniões, fechar para privacidade, reorganizar conforme a luz, o clima ou o estado de ânimo.

A sala é composta de módulos baixos com encostos móveis; a sala de jantar possui uma mesa móvel e cadeiras leves. A ilha da cozinha é o único elemento fixo e atua como remate visual. Os serviços estão alojados entre os contrafortes da parede de taipa, liberando o restante do pavimento.

A casa estabelece uma relação complexa com o entorno: ao norte se protege visualmente, enquanto ao sul se abre para a paisagem do vale por meio de um deck contínuo. Não há uma entrada principal definida; o acesso se dá de forma fluida, diluindo a fronteira entre arquitetura e paisagem.

Um volume independente abriga o ateliê de cerâmica, separado intencionalmente para diferenciar a atividade criativa da vida doméstica. Este se implanta em um desnível sem modificar o terreno e se conecta com o conjunto por meio de caminhos de pedra que articulam estacionamento, escadas, depósitos e horta.

O paisagismo é concebido como extensão do ecossistema local: espécies nativas, gramado mínimo e uma horta integrada a sala de estar. A água é gerida com sistemas de infiltração, separação e tratamento biológico, complementado com energia solar térmica e fotovoltaica.

Mais do que uma casa, este projeto é uma ferramenta para habitar de forma adaptável e consciente. Uma arquitetura viva, em constante transformação, que responde ao entorno, ao tempo e às pessoas.


























