
-
Arquitetos: Peter Stutchbury Architecture
- Ano: 2023
-
Fotografias:Amico Films

Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa na Lagoa está situada na saída norte da lagoa Curl Curl, cujo nome significa “rio da vida”. Implantada em um terreno suburbano restrito, essa residência ainda assim busca oferecer aos moradores experiências cotidianas conectadas a esse lugar extraordinário. É fácil imaginar antigos acampamentos ou pescarias na lagoa — referências que dialogam com a linguagem arquitetônica da Casa na Lagoa.

Tais vínculos estão aos poucos desaparecendo dos ensinamentos tradicionais. No entanto, o lar pode ser um espaço que cultiva essa consciência, ao mesmo tempo em que oferece conforto e praticidade. Esta casa foi concebida para incorporar as qualidades locais à própria construção. O pátio de entrada funciona como uma extensão das dunas ao fundo — e a área de estar no térreo introduz a escala, a luz e a brisa características desse lugar.


A escada é leve e proporciona um acesso agradável a diversos espaços no pavimento superior — banheiros e lavanderia cumprem funções práticas. Os dormitórios funcionam como elementos de transição e se diferenciam pela qualidade da luz que recebem: um voltado para o leste, outro para o oeste. Compartilham um corredor espaçoso, que se comporta quase como um ambiente próprio. Os espaços adjacentes são informais e versáteis. Grandes venezianas do tipo “guelra” controlam a entrada de luz e ar, ao mesmo tempo em que aproveitam áreas que normalmente seriam inutilizadas.



Visitantes costumam comentar: “O espaço interno é totalmente inesperado, visualmente envolvente.” As fachadas externas são propositalmente simples e despretensiosas, funcionando mais como convites sutis do que como marcos visuais. Ao entrar, revela-se uma progressão espacial: a conexão e a expressão vertical são captadas e amplificadas pelo pátio interno, enquanto a organização horizontal segue uma lógica clara e prática. A escada se destaca como peça escultórica — e uma abertura deslizante dá acesso ao terraço na cobertura, ampliando a sensação de descoberta. No alto, o terraço com vista para a praia revela mais uma dimensão da relação com o lugar. A inclusão de uma banheira para banhos sob a luz da lua cheia e momentos de lazer em privacidade reforça a capacidade dessa casa, de implantação compacta, de oferecer diferentes atmosferas.

Até a garagem foi projetada com intenção arquitetônica. A Casa na Lagoa atendeu — e superou — as expectativas do programa, ao explorar o espaço e a luz mesmo estando encaixada entre duas grandes residências. O projeto reafirma a tradição da arquitetura essencial, característica do trabalho de Peter Stutchbury, agora aplicada ao contexto suburbano de Sydney.


A psicologia do habitar vem se perdendo, pouco a pouco, nos bairros litorâneos, à medida que o dinheiro e a metragem passaram a dominar os desejos de projeto — e, com isso, a liberdade de morar foi diminuindo, assim como o caráter prático das antigas cabanas de praia. A Casa na Lagoa não é uma residência “preciosa”, mas aposta no conhecimento das rotinas diárias para enriquecer a vida — como uma roupa preferida que veste com naturalidade — tudo isso dentro da poesia de uma das paisagens mais marcantes de Sydney.










