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Arquitetos: INSITU oficina de Arquitectura
- Área: 120 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:César Tarazona, Eleazar Cuadros

Descrição enviada pela equipe de projeto. No Peru, 93% das construções são autoproduzidas (Espinoza, 2022), sendo realizadas de maneira progressiva, em períodos prolongados de execução e espera. Nesse contexto, a arquitetura é quase sempre cara demais, lenta demais, ainda mais quando se trata da recuperação de um saber construtivo não convencional, onde a acessibilidade adequada a mão de obra especializada representa altos custos devido ao limitado acesso ao conhecimento técnico.


Nessa direção, a “obra habitada em Huayruro” é um projeto que se insere nas lógicas da autoconstrução planejada, assistida e progressiva, enfrentando limitações culturais-construtivas, econômicas e burocráticas dos processos de obra ao longo do tempo. O projeto levanta a questão sobre em que momento a arquitetura deve agregar valor para ser vivida, entendida e expressa: será que é quando está concluída com todas suas aspirações, interesses e detalhes? Ou quando se habita enquanto se constrói? Ou ainda quando se reformula, se adapta e se transforma em condições específicas?


Este projeto é pensado e materializado desde aproximadamente 3 anos atrás, sendo construído e habitado em paralelo, atravessando períodos prolongados de pausa e aprendizado. Tornando-se uma oficina de marcenaria e arquitetura enquanto se constrói, ao mesmo tempo em que se transforma em uma habitação temporária para, de maneira “definitiva”, se instalar como uma habitação-estúdio; continuando sua construção ao longo do tempo até os dias atuais. Ou seja, trata-se de um projeto que se manifesta em seus processos mais do que em seus resultados.

Em um lote de 4m de largura e 21m de profundidade, propõe-se uma estrutura em madeira Huayruro (Ormosia Coccinea) com uma altura livre de 4m e seção transversal contínua, cuja única espessura de 2" permitiu sua construção, modificação e aprendizado durante o processo de obra.

Um projeto estável em sua estrutura e instável em seu interior, produto de sua planta livre que permite a transformação e adaptação ao longo do tempo. Seu sistema de pátios e janelas altas favorece a ventilação cruzada, assim como a iluminação natural.

O resultado técnico construtivo da habilitação e instalação da estrutura de madeira é o resultado do esforço máximo de duas pessoas e uma caixa de ferramentas limitada. Os detalhes-encontros, uniões mecânicas e sistemas construtivos utilizados são frutos dessa decisão.

A peça de arquitetura resultante pretende falar de sustentabilidade, liberdade, flexibilidade e resiliência, através da incorporação da cultura construtiva-espacial “não convencional” de seu entorno urbano, para se tornar parte do processo de regeneração da zona monumental de Pueblo Libre.

Através de um processo contínuo, não convencional, de teste, erro, pausa, melhoria e novo teste, o projeto promove um aprendizado transversal, transformando o erro em ferramenta e parte indissolúvel do processo projetual.
