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Arquitetos: Choo Gim Wah Architect
- Área: 4466 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Lawrence Choo, Pixelaw Photography

De infraestrutura monumental a arquitetura poética, o concreto aparente há muito se afirma como o material mais versátil da arquitetura — igualmente capaz de transmitir ousadia estrutural e refinamento delicado. No contexto tropical da Malásia, esse material ganha nova expressão na Residência na Floresta, onde sua materialidade transcende as raízes brutalistas para alcançar uma síntese entre permanência e permeabilidade.

Localizada em Janda Baik, Pahang, na cobiçada área de Tanarimba, a Rainforest Residence foi projetada como um refúgio privado para uma família de artistas. A casa surge com a precisão de um volume retangular, ao mesmo tempo ancorado e suspenso, acompanhando a inclinação da floresta. A ampla experiência do arquiteto com residências em terrenos inclinados permitiu uma abordagem sensível ao relevo desafiador, porém gentil, do local. A inovação do projeto está no conceito de circulação: em vez de ambientes totalmente fechados, os espaços de transição funcionam como percursos ao ar livre, transformando o deslocamento pela casa em uma experiência imersiva de contato com a floresta tropical ao redor.

A presença monolítica do edifício revela, por trás de sua fachada austera, uma interação sofisticada entre textura, luz e sequenciamento espacial. A concha de concreto em estilo monolítico atua simultaneamente como estrutura protetora e como tela curatorial. Sua materialidade contrasta com a luz filtrada da floresta, criando um pano de fundo dinâmico para uma coleção de obras de arte em constante transformação.




O respeito à natureza é evidente desde o primeiro passo dentro da Residência na Floresta. Um telhado curvo em tijolos coroa o vestíbulo, moldando a vista da floresta como uma pintura viva. Um óculo inspirado no Panteão romano atrai a luz natural até a escada flutuante que conduz aos quartos privados, no nível inferior. No pavimento superior, os espaços de convivência — sala, cozinha e jantar — se estendem em direção à copa das árvores, com limites dissolvidos por esquadrias de vidro do piso ao teto. Uma ampla varanda conecta esses espaços, funcionando como zona de transição e refúgio verde, enquanto portas deslizantes permitem a entrada da luz e ventilação naturais. O telhado de concreto, isolado termicamente, garante um ambiente passivamente climatizado.

Além do óculo, o telhado e as paredes se fundem em um único plano monolítico — um gesto arquitetônico intencional. “O artista precisa de paredes para expor suas obras. Por isso, a fachada principal permanece sem janelas”, explica o arquiteto Choo Gim Wah. Essa ideia se concretiza nas duas obras em carvão, em destaque na parede principal, assinadas pelo próprio artista da casa.



É essa harmonia entre arte e vida que define a residência. Com o tempo, o interior se transformou em um arquivo vivo e curado: pinturas, esculturas, máscaras, armas antigas, livros e outros objetos revelam um estilo de vida culto, mas despretensioso. Os espaços mais reservados — como o ateliê e o escritório do artista, localizados no nível inferior — revelam o processo criativo de forma íntima, ainda em contato direto com a natureza, banhados pela luz filtrada e pelo verde.


O tempo começou a suavizar os contornos da arquitetura: musgos surgem sobre a estrutura, e outras plantas lentamente se entrelaçam com o edifício. De muitas formas, essa integração lenta com a natureza sintetiza o espírito da Residência na Floresta — uma casa onde o projeto sensível celebra a natureza e acolhe a vida em família.






















