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Arquitetos: TAM - Guillermo Elgart
- Área: 220 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Obra Linda, Jonathan Paz


Antes de tudo, o respeito pela natureza... ela estava aqui antes da nossa chegada... Sentir a floresta, os pássaros, o clima de viver entre as árvores, sentar-se à sua sombra, ouvir as folhas roçando nos dias de vento.

Materialidade — O vazio já existia. Não encontramos “o nada”. De um ponto de vista físico, o vazio era real—um espaço mensurável e observável. Esse vazio era definido pela topografia natural do terreno e pelo conjunto de árvores existentes.

Primeiramente, dispusemos um manto ondulado de concreto, que se mimetiza com o terreno e se cobre de vegetação. Sob ele, está a maior parte do programa. Com essa estratégia, a massa desaparece, evitando impacto no vazio existente ou no espaço urbano.

Depois, completando o conjunto e flutuando no vazio, posicionamos uma caixa reflexiva—uma forma que interage com a natureza e a multiplica.

A disposição desses dois elementos—o manto verde e a caixa reflexiva—moldam o vazio e preservam a continuidade espacial entre a rua e o pulmão verde. Criam um espaço habitável, um percurso espacial com tensões dinâmicas que conduzem ao acesso principal sobre o manto.


Sistema — Sob o manto de concreto, foi criada uma planta livre e um pátio central, que se transforma no coração da casa, protegido dos olhares da rua. Além do pátio, sob o manto, um volume ameboide de madeira foi estrategicamente posicionado, delimitando, organizando e dimensionando todas as funções através de sua tensão com os limites. Ele separa os espaços públicos dos privados, os servidos dos serventes.


Sobre o manto, um terraço-jardim protege a planta inferior, recuperando a superfície ocupada e transformando-a em um espaço verde.


A caixa flutuante funciona quase como uma segunda casa—uma moradia mínima para hóspedes, com estar-jantar, dormitório, banheiro e pequena cozinha. A partir dela, a experiência espacial é distinta—aqui, estamos suspensos entre as copas das árvores.


Pesquisa — Parafraseando Jorge Oteiza: "A obra é a desocupação ativa do espaço pela fusão de unidades formais leves. O espaço é lugar, ocupado ou não. Mas esse lugar não ocupado não é o vazio. O vazio se obtém; é o resultado de uma ausência formal. O vazio se faz—não existe a priori."

A volumetria não existe para si mesma; existe para definir o vazio, criando um espaço desocupado onde a massa desaparece.

Aqui, os volumes são organizados para criar e moldar o vazio. Esse vazio não é ausência, mas o que dá sentido à disposição das partes. São as partes que esculpem e definem os vazios dentro do espaço natural. Trata-se de uma desocupação ativa do espaço, onde as unidades formais trabalham em tensão. Os volumes estruturam o vazio, conferem-lhe escala e o delimitam dentro do contexto natural, onde as antigas Lambercianas já existiam.
