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Arquitetos: Frederico Bicalho Arquitetura
- Área: 413 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Jomar Bragança

Descrição enviada pela equipe de projeto. Essa não é somente uma casa. É um sonho. É local de trabalho, morada e lazer, tudo junto. Arquitetura que eu chamo de Lar. Arquitetura que marca seu tempo, enraizada nas montanhas de Minas, contemplando atentamente nosso Belo Horizonte.

A arquitetura nasce da escuta atenta ao terreno e ao programa. Um lote em forte aclive, emoldurado por edificações nas laterais e nos fundos, lançou os primeiros desafios — e ofereceu as primeiras respostas. Para acomodar a construção, um corte foi realizado na porção frontal do terreno, junto à rua, definindo os dois pavimentos inferiores: no primeiro, o acesso e a garagem; no segundo, meu escritório, onde a criação acontece entre o concreto e a vista.

A moradia se eleva no terceiro nível, sobre um platô que permite uma implantação linear — uma casa suspensa, fluida, integrada à paisagem e ao horizonte. A edificação apoia-se nas divisas laterais e se abre nos afastamentos permitidos, afastando-se estrategicamente das construções vizinhas. Assim, busca luz, ventilação e privacidade. O pé-direito elevado intensifica essa relação com o ambiente externo, permitindo que a luz natural invada os espaços e que o céu seja parte da vida cotidiana.



A escolha do concreto foi natural desde o início — não apenas como estrutura, mas como linguagem. Brutal em sua essência, ele se revela em cheios e vazios, em planos que protegem da rua e, ao mesmo tempo, se abrem para o céu, para as montanhas, para a cidade. Um gesto de força e sutileza. O paisagismo prolonga o verde da rua para o interior do lote, somando com a piscina marca presença, gera movimento, ocupa o bruto e suaviza o rígido. Atrai os pássaros, dá vida, estabelece uma conexão silenciosa com o divino.

Nos acabamentos, o que seria simples se torna nobre. O concreto aparente — seja estrutural ou dos pisos — contrasta com quartzitos, granitos, metais e madeiras. Um material valoriza o outro, criando harmonia visual e tátil. É a elegância da composição bem feita, onde cada elemento encontra seu lugar com naturalidade.

Na escolha do mobiliário, o contraste de texturas traz acolhimento e calor, dissolvendo a frieza do concreto e convidando ao descanso e ao convívio. Couro, bouclé, algodão, linho, madeira e alumínio compõem uma casa urbana, prática e contemporânea, mas, sobretudo sensível ao tempo e ao afeto. O escritório segue a mesma linha da casa: entre o home e o office, entre o funcional e o acolhedor — um espaço de criação com alma. No fim, essa casa é feita de muitas escolhas, grandes e pequenas. É a síntese do que acredito, projetada com intenção e emoção.

Não é apenas minha casa. É o nosso Lar. Para Luciana e Antônio.


























