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Arquitetos: Less Estúdio
- Área: 160 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Emílio Rothfuchs
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Fabricantes: Eliane, Loja Metávila, Looz, Portinari Revestimientos

Descrição enviada pela equipe de projeto. Este projeto trata da reforma de casas de hospedagem no município de Arambaré, às margens da Lagoa dos Patos, no interior do Rio Grande do Sul.

A proposta é um exercício de resgate e valorização do lugar, assumindo com sensibilidade a simplicidade da região, sem renunciar à identidade arquitetônica. A inspiração vem de pequenas cidades litorâneas do Uruguai — não apenas pela proximidade geográfica, mas também pela forma como a arquitetura se relaciona com o cotidiano.

No térreo, a casa se organiza em torno do "fogo": nos dias frios à beira da lagoa, uma das extremidades da planta abriga a área de descanso, aquecida pelo calefator. Na extremidade oposta, na parte social, encontra-se a churrasqueira que, pela sua posição, sugere uma relação direta com a área externa. No primeiro andar, está localizada a área íntima.



O primeiro gesto de projeto é marcado pela viga e pelo pilar aparentes — elementos estruturais fundamentais para a ampliação da planta. A parede de tijolos, por sua vez, abriga o novo trecho da escada, disposto paralelamente a ela nesta nova fase da edificação. O tijolo se repete na construção da churrasqueira e na base do sofá, criando uma continuidade visual no espaço.

Utilizamos materiais e mão de obra locais, reforçando o compromisso com a cultura e a economia da comunidade. Mais do que uma reforma, este projeto propõe um lugar que respeita, valoriza e se integra ao seu contexto de forma genuína.

A base da construção anterior estava em ótimo estado, o que nos permitiu realizar uma intervenção mais racional e econômica. Ao ampliar a planta em cerca de 1 metro na direção da fachada principal, foi possível criar a circulação necessária para incluir mais um dormitório no primeiro pavimento. Antes, apenas um dormitório ficava no piso superior, e o outro ocupava o espaço onde hoje está a sala.

Um ponto importante no desenho do projeto foi recuar a sacada em relação à fachada. Dessa forma, criam-se espaços com maior privacidade em relação à casa vizinha, além de uma marcação de planos verticais que remete à repetição da vegetação à frente da lagoa. As chaminés da churrasqueira e do calefator também se tornam elementos fundamentais nessa composição.

A escolha da cor preta teve como objetivo camuflar o volume na vegetação densa, criando uma atmosfera de refúgio. O uso da telha de fibrocimento ondulada no revestimento da fachada tem a função de proporcionar isolamento térmico e adicionar movimento, quebrando a sobriedade que a cor preta poderia sugerir.


Em contraste com o exterior escuro, ao entrar na casa, o piso cimentício e as paredes brancas favorecem a entrada abundante de luz natural, que, por meio das grandes esquadrias, leva a paisagem para dentro.

Trabalhamos com materiais simples, que devem envelhecer bem e sobre os quais o desenho arquitetônico não depende para garantir uma composição interessante. Um dos objetivos deste projeto é também propor um diálogo com a comunidade, apresentando uma arquitetura acessível, livre de modismos, que respeita o contexto e dá protagonismo a quem a habita.





















