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Arquitetos: atArchitecture
- Área: 464 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Avneesh Tiwari

Descrição enviada pela equipe de projeto. Uma usina de processamento de jaca financiada pelo governo e localizada em uma área rural de Meghalaya, no nordeste da Índia, faz parte de uma cooperativa de agricultores. Mais do que apenas um espaço para a produção e movimentação de mercadorias, a estrutura funciona também como centro comunitário para uma população isolada. O projeto considera as necessidades dos usuários, as condições climáticas locais e os desafios de uma região remota, oferecendo uma intervenção acessível com benefícios de valor agregado.

O projeto adota uma planta transversal, que organiza os fluxos de circulação e permite a separação eficiente entre o transporte de mercadorias e o deslocamento de pessoas, ao mesmo tempo em que conecta as áreas compartilhadas. O edifício foi elevado em relação ao solo e alinhado ao nível da estrada, preservando a planície de inundação e garantindo o funcionamento do local durante as monções. As quatro alas da estrutura abrigam áreas distintas: processamento de produtos, acesso de funcionários, salão comunitário e setor de produção. A circulação é planejada para que o tráfego de pessoas e de mercadorias ocorra de forma independente. Um escritório administrativo central permite a vigilância passiva do conjunto, enquanto o salão público se abre para os campos da vila, reforçando o senso de comunidade entre os usuários.


Para manter os custos de construção baixos, a superestrutura é feita em aço — o material mais barato de transportar. Além de tornar o edifício mais leve e econômico, o uso do aço permite a pré-fabricação, acelerando a construção e facilitando sua execução. A base de concreto foi construída por artesãos locais altamente qualificados em estruturas de concreto armado (RCC), reconhecidos em todo o país por sua excelência. Esses profissionais também supervisionaram toda a obra.




Com foco na participação comunitária e no desenvolvimento de habilidades locais, o projeto promove a geração de empregos ao fornecer uma cadeia de valor completa com infraestrutura e capacitação. Isso apoia a subsistência tanto de agricultores quanto de outros moradores da região. Situado em uma área marginalizada de Meghalaya, vulnerável a enchentes e terremotos, o edifício foi projetado para ser resiliente e durável, atuando como abrigo seguro em situações de emergência. Além disso, torna-se um marco arquitetônico e um protótipo replicável, fortalecendo a identidade da comunidade e refletindo seu compromisso com o desenvolvimento sustentável.



O projeto envolve dois grupos principais: o grupo produtor — formado por agricultores que cultivam frutas e hortaliças — e o grupo processador, uma cooperativa com 50 agricultores que agregam valor aos produtos e fazem a ponte com os mercados. Há cerca de 200 grupos produtores, cada um com aproximadamente 20 agricultores. O governo estadual financia a capacitação e o desenvolvimento, enquanto a organização AFISI oferece treinamento, planejamento de negócios e estruturação da cadeia de suprimentos. O projeto gera 100 novos empregos e aumenta a renda de mais de 4.000 agricultores, dos quais 60% são mulheres. Ele promove práticas agrícolas sustentáveis e fortalece a economia local. Além disso, abriga um centro comunitário que recebe eventos culturais, étnicos e recreativos voltados aos agricultores e suas famílias.

A iniciativa busca reduzir o desperdício de jaca madura — um volume estimado em 52 milhões de dólares por safra na região das Colinas Garo. Esse valor é recuperado por meio da produção de itens com valor agregado, como alimentos enlatados, chips, conservas e farinha. O projeto também demonstra a possibilidade de replicação do modelo, destacando sua viabilidade econômica e a facilidade de montagem. A construção rápida é viabilizada por componentes pré-fabricados de aço, leves e de fácil transporte e instalação em áreas remotas. A expertise local em construção com concreto é aproveitada, fortalecendo a economia e garantindo a durabilidade da estrutura e a continuidade na geração de empregos.

A unidade de processamento de jaca e o centro comunitário promovem práticas agrícolas sustentáveis. O edifício foi projetado para captar água da chuva, reduzindo a dependência de fontes externas. É abastecido por energia solar, diminuindo sua pegada de carbono e incentivando o uso de fontes renováveis. O corpo arquitetônico, de implantação esbelta e orientação precisa, minimiza a incidência de calor proveniente do oeste, ao mesmo tempo em que permite a entrada de luz difusa do norte e a ventilação cruzada. A construção com pele dupla proporciona isolamento térmico e resfriamento passivo, criando um ambiente de trabalho saudável e sustentável para todos os seus usuários.
