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Arquitetos: fala
- Área: 200 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Francisco Ascensão, Rory Gardiner
Descrição enviada pela equipe de projeto. A transformação de uma loja r/c e cave de um edifício dos anos 70, nunca usada, numa habitação para duas pessoas foi o ponto de partida do projecto. A encomenda era clara, e compreensível, mas a organização interna a propor não tinha nada de evidente.
Entre ondas de tijolo de vidro e nuvens de metal, as ideias pré-concebidas do que pode ser um programa doméstico foram reinventadas. Duas linhas curvas livres fluem, uma em cada piso, organizando suavemente a separação entre os espaços públicos e privados. As duas extremidades do espaço longitudinal, fontes de luz natural, são rematadas por máscaras metálicas com diferentes perfis: no jardim, uma sobreposição de espelhos, metal perfurado recortado, corrimões questionáveis e uma grelha estável de mármore negro; na rua, uma massa de nuvens em grelha metálica.
A paleta de materiais dissolve as separações tradicionais de um espaço doméstico, que nunca o poderia ser verdadeiramente. A casa que se propõe é uma galeria para habitar onde cada morador é actor da performance do dia-a-dia, sendo também espectador da ficção de quem com ele coabita. As paredes translúcidas abrem cada divisão para o palco do lado social das linhas curvas; a luz, natural de dia e artificial de noite, intromete-se promiscuamente entre programas.
Talvez este projecto seja uma interpretação da ideia de transparência erótica que Toyo Ito ou uma aproximação à expressão plástica de Itsuko Hasegawa no mesmo período. O projecto procura ser uma resposta espectacular para uma pergunta que não o era.