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Arquitetos: MOU Architecture Studio
- Área: 320 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Ang Wu, DONG Architects Image, Zhuang Wu
Descrição enviada pela equipe de projeto. Em 2022, o estúdio de arquitetura MOU foi convidado a desenhar o Arcade Project, um espaço cultural público em Nanjing, China. O local recebeu esse nome por conta do projeto textual inacabado do filósofo alemão Walter Benjamin inspirado pelo Arcade, em Paris. Esse espaço foi onde a cultura de consumo parisiense do século XIX nasceu, um centro comercial na forma de um mercado de rua, estreito e sinuoso, abrigando cafés, oficinas de reparo, salões, restaurantes, teatros, etc. Benjamin maravilhava-se com essas "avenidas internas e tetos de vidro", onde as pessoas não precisavam mais ser expostas às intempéries, o Arcade era como uma cidade, um microcosmo do mundo, que é um desejo o qual o projeto em questão pretende realizar. Espera-se que, através dessa renovação, a comunidade local se sinta também revitalizada e a vida cultural da comunidade seja aprimorada e conectada.
Localizado no 2º e 3º andar da Rua Hongwu North, 116, em Nanjing, este prédio situa-se bem na fronteira entre a movimentada rua e a vida comunitária. Não há entrada pela frente e o acesso só pode ser obtido por uma escada muito discreta ao lado da rua em Belly Belt Camp. A primeira visita ao local revelou que a entrada da escada era estreita e longa e que, se os andares superiores fossem usados como um espaço cultural público no futuro, seriam de difícil acesso e pouca visibilidade. Dessa forma, usamos placas de aço para encaixar um corredor branco na passagem de entrada original e recuamos a porta de acesso para uma entrada interna, com isso, o novo corredor branco e a rua formam um espaço cinza de transição, criando uma nova conexão com o bairro.
Embora o prédio original estivesse localizado na esquina com uma vista relativamente aberta, o segundo e o terceiro andares eram originalmente usados por uma instituição educacional e de treinamento, e o seu interior era dividido em várias salas pequenas onde as janelas nos dois lados da rua estavam completamente bloqueadas. Podemos imaginar como era ruim para os alunos estudarem em um ambiente fechado assim, sem luz natural. Portanto, a estrutura fechada ao redor do perímetro das janelas foi removida e o interior pôde ver a luz novamente, olhando pelas janelas e retomando a escala de cidade. Era vital criar uma atmosfera descontraída, espontânea e inclusiva.
O primeiro andar é um espaço funcionalmente complexo que precisa atender a exibição de livros, os caixas, exposições criativas, café, bar, áreas de visitantes, de relaxamento, salões de eventos, apresentações ao vivo e outras funções dentro deste espaço único de 140 metros quadrados. Durante o dia, o local estará aberto ao público como uma livraria, e à noite, ele será integrado a uma função de bar. O espaço público é um lugar onde as pessoas podem criar seu próprio lugar e descobrir sua própria maneira de usá-lo. Assim como em um parque, frequentemente vemos pessoas lendo tranquilamente em um banco ou sob uma cobertura; crianças brincando; uma mulher conversando; um homem sentado jogando xadrez... Pessoas de diferentes idades e propósitos se reúnem para criar uma cena tranquila, com vários eventos acontecendo ao mesmo tempo e no mesmo espaço. Queríamos criar uma cena semelhante a um parque aqui também. Com isso, após algumas deliberações, foi desenvolvido um projeto para uma edificação que pudesse acomodar diferentes funções e atividades.
Um volume retangular de 3,6m x 10m acomoda um bar, uma área expositiva, um lounge e um salão de eventos ao mesmo tempo. O local original tinha apenas 2,4m de altura sob as vigas e era bastante opressor, por isso, os volume tiveram que ser construídos de forma leve e arejada o suficiente para contrabalançar o impacto negativo do espaço. A edificação, que acabou sendo esvaziada de suas propriedades funcionais e estruturais, foi suavemente elevada pela base de concreto e suspensa no meio do local. A desmontagem revelou muitas memórias de sua construção, as quais, mesmo que aparentemente imperfeitas, assumiram uma qualidade primitiva na superfície do concreto original. Em seguida, removemos a camada de argamassa e polimos a superfície permitindo que essa originalidade tenha seu próprio charme e a memória do prédio original reviva.
O espaço no primeiro andar precisa atender às funções de bar à noite, mas a área de dimensões restritas não pode acomodar duas atividades separadas ao mesmo tempo, então, em vez disso, consideramos maneiras de integrar os dois atributos funcionais e emprestá-los um ao outro. A área do bar no volume recém-construído é usada como cafeteria durante o dia; a mesa dobrável no pilar pode ser usada como mesa de leitura durante o dia e como mesa individual independente à noite; todos podem sentar nos bancos ao redor do volume e na lateral da janela durante o dia e a noite.
Se classificarmos as exposições dos livros e as outras atividades, elas podem ser divididas em cenas estáticas e dinâmicas. Cada uma dessas cenas tem suas próprias vantagens e desvantagens. Como exibições fixas e regulares, as exposições estáticas de livros são mais fáceis de serem mantidas, mas também tendem a ficar entediantes. Já os eventos dinâmicos cuidadosamente planejados podem se tornar populares, mas também podem aumentar os custos operacionais e o espaço perde seu propósito de existência quando não há eventos em andamento. Além disso, enfrentamos questões práticas relacionadas ao tamanho do suporte necessário para as exibições diárias de livros, ao número de assentos necessários para o evento, à remoção das cadeiras e bancos após o evento e como armazená-los. Devido às restrições impostas pelo espaço, tivemos que considerar um mecanismo operacional que combinasse cenas estáticas e dinâmicas.
Sendo assim, as funções permanentes são principalmente salas de estudo individual, salas de atendimento psicológico, escritórios e a exibição de livros. Tradicionalmente, as salas de estudo individual são organizadas em grandes espaços com o maior número possível de assentos. Para equilibrar a privacidade relativa das funções com a mobilidade dentro do local, foi desenvolvida a ideia de desmontar e separar os espaços. A intenção era criar um sistema muito diferente da compartimentalização tradicional de um grande ambiente.
O espaço foi eventualmente desmontado em seis salas separadas, ajustadas na mesma altura e em diferentes escalas, distribuídas discretamente dentro do local e conectadas umas às outras por corredores, criando um ambiente circundante. Duas das salas de estudo, que abrigam seis e dois alunos, possuem corredores internos. Um lado do corredor interno é usado para a exibição de livros, pois possui duas entradas e saídas separadas, para que se possa escolher entrar e sair da maneira desejada e instintivamente apoiar-se no vão da janela depois de selecionar um livro da prateleira. A sala e seu corredor interno, brancos e leves, são separados e não completamente fechados, mantendo um grau moderado de transparência em relação ao espaço externo do corredor.
Em vez de abrigar todas essas funções em uma grande sala, a configuração discreta cria uma abertura para o local e também confere flexibilidade no uso das salas individuais. Considerando que o local também foi planejado para exposições menores, além dos corredores externos que podem ser usados como espaços de exposição abertos, essas pequenas salas individuais também podem receber conteúdos separados. Elas podem ser usadas de forma flexível de acordo com a escala da exposição ou para exposições com temas diferentes ao mesmo tempo. Através das lacunas no espaço, é possível ver as cenas estáticas ou dinâmicas internas, e ao caminhar pelos corredores entrelaçados, o corpo se expande e se contrai, como se estivesse em uma rua ou beco, perambulando por uma cidade em miniatura.
