




A construção civil urbana popular brasileira, com a consolidação de bairros precários, executados com materiais descartáveis, se especializou na edificação dos chamados “puxadinhos”; pequenas ampliações que tomam todos os espaços vazios dos lotes urbanos. A cidade formal incorporou essa cultura e sugeriu – nas sempre recentes cidades latino-americanas – um programa para a arquitetura: construir no construído.
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A Loja Micasa Volume B é um anexo, um “puxadinho” de uma loja já existente. A planta interna do anexo é um grande vão, pensado como um espaço amplo e dinâmico para abrigar, sobretudo, o showroom da VITRA, que a Micasa é revendedora. Esse novo espaço conecta-se através de um pequeno túnel com a loja existente.
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O edifício foi construído usando materiais e execuções rústicas. A obra do Volume B lembra os processos artesanais da construção civil popular, mas também, sobretudo, as construções modernas brasileiras brutalistas, que, atento ao saber fazer local, reinventou sob o Equador, o próprio Brutalismo.
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As fachadas da Micasa VolB foram construídas em concreto armado aparente e o processo construtivo utilizou procedimentos pouco usuais: a forma, geralmente feita com um trabalho preciso de madeiras novas; foi aqui construída com madeiras dispostas aleatoriamente, caoticamente. Alguns pedaços da forma não foram retirados nem mesmo depois da inauguração da obra.
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As demais soluções construtivas seguiram a mesma lógica e muitas delas foram definidas no próprio canteiro de obras, deixando espaço criativo para os operários, o projeto foi complementado e recriado em sua construção. Os brises dos escritórios são telas metálicas utilizadas como armação para o concreto aramado. Essas delicadas rendas de aço, colocadas na vertical, funcionam como filtros para a luz nos grandes vidros. O pedrisco externo é feito de britas usadas para a produção do concreto.
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A memória da construção permaneceu, numa arqueologia exposta do edifício: os “X’s” de fita nos vidros novos e, nas paredes internas, anotações de obra. Essas paredes não têm revestimento, não têm pintura: uma textura crua do material manteve-se como acabamento. O edifício finalizado, a partir do uso desses materiais, transparece delicadamente etapas construtivas. O edifício é um raio-X do projeto e do canteiro e as marcas da recente história da construção que vão se somando a muitas outras ao longo do tempo.

























