Edifício Alvar Aalto / Christiane Laclau & Rafael Borelli Arquitetos Associados

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O Lugar

O Edifício Alvar Aalto situa-se na Rua Custódio Serrão, no bairro Jardim Botânico, na cidade do Rio de Janeiro. Esta é uma rua surpreendentemente tranquila, apesar de estar num trecho bastante movimentado do bairro, devido à sua condição secundária no tráfego da região e ao seu acesso um tanto escondido.

A tipologia arquitetônica existente na rua é bastante diversa, de casas térreas a edifícios de 14 pavimentos, evidenciando os diferentes momentos na legislação urbanística da área e a falta de entendimento de conjunto da mesma.

O Edifício

O edifício, cuja obra teve um custo total de R$ 2 milhões, tem 825.185m² de área construída, estrutura em concreto armado e fechamentos em alvenaria.

No lote onde ele se localiza permitia-se construir até 3 pavimentos acima do térreo. Sua volumetria, definida pelo gabarito indicado na legislação e o tamanho do terreno, gerou uma aproximação maior dos apartamentos com a escala da rua, já que, em função de seu pequeno porte, o edifício não apresenta pavimento de uso comum ou garagem entre o térreo e o primeiro apartamento, como a maior parte de seus vizinhos.

A situação incomum do edifício, com sua reduzida altura e as laterais encostadas nas divisas do lote, em relação ao contexto do mercado imobiliário atual assemelha-se, no entanto, à dos sobrados do Rio de Janeiro eclético.

Buscamos enfatizar o volume simples e compacto e usar elementos construtivos e materiais que remetessem a uma casa verticalizada, com texturas fortes, mas um ar contemporâneo e urbano, valorizando o aspecto de tranqüilidade da rua e a relação com a escala do pedestre, ainda presente, felizmente, no bairro.

A proximidade entre as varandas e a rua sugeriu uma solução de fachada que proporcionasse ao mesmo tempo contato e privacidade. Seguindo a tradição da boa arquitetura moderna brasileira, reinterpretamos dois elementos construtivos vernaculares, as venezianas e o fechamento dos balcões (feitos na arquitetura colonial com treliças de madeira, configurando o muxarabi), reproduzidos aqui nas laterais das varandas, em escala ampliada, através dos brises horizontais reguláveis, que permitem o controle da entrada de luz e da privacidade, além de conferirem movimento à fachada.

São apenas 3 apartamentos, um em cada pavimento, que têm uma generosa área social: um ambiente contínuo que integra sala e varanda, já que as portas divisórias, quando abertas, ficam embutidas na parede da sala.

Na circulação para a área íntima, junto ao prisma de ventilação, há um ambiente “curinga”, que pode ficar aberto ou ser fechado conforme o uso definido pelo proprietário, como um escritório ou sala íntima. As três suítes abrem-se para a fachada dos fundos, mais reservada.

Além do projeto de arquitetura, desenvolvemos toda a ambientação do apartamento 101, incluindo o desenho de mobiliário.